sexta-feira, 29 de julho de 2022

Crítica: O Telefone Preto (2022)


A fotografia antiga, a trilha sonora dos anos 1970/80, as roupas da época e crianças como protagonistas. Eu poderia estar falando de Stranger Things, mas também são características de O Telefone Preto (The Black Phone), filme de terror que estreou semana passada nos cinemas brasileiros e que, obviamente, aproveita um pouco do "hype" da série da Netflix para pescar esse grupo específico de espectadores.


Marcando a volta do diretor Scott Derrickson ao gênero de terror, depois de ficar conhecido por O Exorcismo de Emily Rose, A Entidade e Livrai-nos do Mal, o filme é uma adaptação do conto homônimo escrito por Joe Hill (filho de Stephen King) e começa mostrando o ambiente escolar de Denver, que vive um clima de medo após o desaparecimento de um jovem garoto promissor no baseball. Logo outras crianças também desaparecem, entre elas o tímido Finney (Mason Thames), e é a partir de então que descobrimos que quem está por trás de tudo é um homem misterioso que dirige uma van preta e usa uma máscara sinistra.

Após ser capturado, Finney acaba preso em um porão a prova de som, onde começa a receber ligações estranhas em um telefone preto preso à parede, que teoricamente não funciona. Esses telefonemas partem de antigas vítimas do homem, justamente as crianças que desapareceram anteriormente, e elas passam a dar instruções de como Finney deve agir para escapar e não ter o mesmo fim trágico que eles tiveram.


O enredo prende bastante, isso é inegável, mas senti falta de uma abordagem maior sobre o porquê dessas crianças serem sequestradas e de onde surgiu este homem (interpretado por Ethan Hawke), algo que não é respondido ao final. Em certo momento eu até cogitei que seria para serem estupradas pelo vilão, mas é algo que se descarta no decorrer do filme. O único personagem que é mais aprofundado é Finney, que tem uma família disfuncional composta por um pai violento e uma irmã sensitiva, que por sinal usa esse seu dom para auxiliar a polícia nos desaparecimentos. O Telefone Preto não é aquele típico filme de terror que dá sustos no espectador ou apela para o lado visceral, mas nem por isso deixa de ser terror, ainda que não consiga ser eficiente em tudo que propõem.


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