A fotografia antiga, a
trilha sonora dos anos 1970/80, as roupas da época e crianças como
protagonistas. Eu poderia estar falando de Stranger Things, mas também
são características de O Telefone Preto (The Black Phone), filme de
terror que estreou semana passada nos cinemas brasileiros e que,
obviamente, aproveita um pouco do "hype" da série da Netflix para pescar
esse grupo específico de espectadores.
Marcando a volta do
diretor Scott Derrickson ao gênero de terror, depois de ficar conhecido por O
Exorcismo de Emily Rose, A Entidade e Livrai-nos do Mal, o filme é uma
adaptação do conto homônimo escrito por Joe Hill (filho de Stephen King)
e começa mostrando o ambiente escolar de Denver, que vive um clima de
medo após o desaparecimento de um jovem garoto promissor no baseball.
Logo outras crianças também desaparecem, entre elas o tímido Finney
(Mason Thames), e é a partir de então que descobrimos que quem está por
trás de tudo é um homem misterioso que dirige uma van preta e usa uma
máscara sinistra.
Após ser capturado, Finney acaba preso em um
porão a prova de som, onde começa a receber ligações estranhas em um
telefone preto preso à parede, que teoricamente não funciona. Esses
telefonemas partem de antigas vítimas do homem, justamente as crianças
que desapareceram anteriormente, e elas passam a dar instruções de como
Finney deve agir para escapar e não ter o mesmo fim trágico que eles
tiveram.
O enredo prende bastante, isso é inegável, mas senti falta de uma abordagem maior sobre o porquê dessas crianças serem sequestradas e de onde surgiu este homem (interpretado por Ethan Hawke), algo que não é respondido ao final. Em certo momento eu até cogitei que seria para serem estupradas pelo vilão, mas é algo que se descarta no decorrer do filme. O único personagem que é mais aprofundado é Finney, que tem uma família disfuncional composta por um pai violento e uma irmã sensitiva, que por sinal usa esse seu dom para auxiliar a polícia nos desaparecimentos. O Telefone Preto não é aquele típico filme de terror que dá sustos no espectador ou apela para o lado visceral, mas nem por isso deixa de ser terror, ainda que não consiga ser eficiente em tudo que propõem.
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