quarta-feira, 8 de março de 2023

Crítica: Cinema Sabaya (2022)


Escolhido para representar Israel no Oscar de filme internacional deste ano, Cinema Sabaya é um filme extremamente despretensioso, mas que ganha muita força graças às grandes personagens femininas que possui, e que retratam um pouco do que é a sociedade israelense da atualidade.

Rona (Dana Ivgy) é uma documentarista que resolve fazer uma oficina de cinema com mulheres que trabalham na administração municipal da cidade de Hadera. Oito mulheres, de diferentes localidades e religiões (judias e árabes) acabam fazendo parte do projeto, onde começam a aprender técnicas básicas de filmagens, como enquadramento, zoom e edição. A partir de um exercício onde elas recebem a tarefa de gravar um trecho de sua vida para mostrar o que fazem no dia a dia, vamos conhecendo um pouco mais de cada uma delas, e consequentemente vão surgindo boas discussões sobre questões muito femininas, como carreira, casamento, filhos, e liberdade de uma maneira geral, como a liberdade sexual, a liberdade de vestir o que quiser e a liberdade de ir e vir.

Ao filmar pedaços de suas vidas com uma câmera, cada personagem vai também se autodescobrindo. Uma grava o marido cortando as unhas no sofá porque aquilo lhe traz uma espécie de paz, outra grava uma briga entre os filhos, já outra mostra como é sua vida morando em um barco apertado. São através destes fragmentos feitos por elas mesmas, que vai se construindo a personalidade de cada uma, numa construção de personagens muito sensível e profunda. Tem também a personagem que não grava nada porque enxerga sua vida como algo completamente desinteressante, mas aos poucos passa a rever esse conceito graças a ajuda das colegas de curso. No grupo, há opiniões diversas sobre cada um dos assuntos debatidos, desde as mais conservadoras até as mais liberais, até por se tratarem de mulheres de idades, religiões e vivências diferentes. E é através dessa teia de relacionamentos que vai sendo discutida não somente o papel da mulher na sociedade israelense, como também o empoderamento feminino de uma maneira global.


O filme tem um aspecto de documentário, e a naturalidade com que as atrizes atuam realmente faz parecer que são mulheres reais falando sobre suas vidas em frente a uma câmera. Alguns momentos são bem tocantes, sobretudo quando fala dos sentimentos de família e envolve o amor delas com os filhos. Não foi proposital escrever essa crítica justamente no dia 08 de março, mas veio a calhar.

 

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