O diretor Florian Zeller nos presenteou em 2021 com Meu Pai (The Father), para mim o melhor filme daquele ano e que consagrou Anthony Hopkins com mais um Oscar de melhor ator. Diante disso, era natural que se criasse uma expectativa muito grande acerca do seu novo filme, O Filho (The Son), que assim como o anterior também foi baseado em uma peça de teatro. No entanto, o resultado final é extremamente decepcionante, e temos aqui um dos filmes mais vazios do ano.
Se em O Pai, Zeller tratou com maestria a
demência do personagem principal, utilizando até mesmo o cenário para
criar o clima de confusão dentro da sua mente, aqui ele não consegue o
mesmo ao falar da depressão profunda, em específico na adolescência. O
roteiro segue a mesma linha familiar do filme antecessor e também se
passa praticamente todo dentro de quatro paredes, acompanhando Nicholas
(Zen McGrath), um jovem extremamente depressivo que vive com a mãe, Kate
(Laura Dern). No entanto, ele não se sente mais bem dentro de casa e
pede para ir morar com o pai, Peter (Hugh Jackman), que casou novamente
com Beth (Vanessa Kirby) e tem um outro filho recém nascido.
É
nítido que os pais não percebem todos os sintomas e também não sabem
lidar com as crises de depressão do filho, que inclusive abandonou a
escola sem eles saberem. Ao interná-lo em um clínica psiquiátrica, eles
logo ficam com pena do garoto e decidem não levar adiante o tratamento.
Provavelmente quem já passou por uma situação delicada como essa irá se
reconhecer e até mesmo sentir o conflito interno desses pais. Não é nada
fácil ver alguém que amamos sofrendo com uma doença, ainda mais quando é
uma doença silenciosa como a depressão, e nesse ponto acho que o filme
acerta ao levantar a questão de como devemos estar sempre atentos aos
sinais.
Ao longo do filme, vamos conhecendo um pouco mais do
passado desses personagens, e percebemos, por exemplo, que Peter possui
um sentimento muito forte de culpa pelo divórcio com Kate, que ele
inclusive acha ter sido um dos pontos culminantes para a depressão do
filho. Aliás, Hugh Jackman
talvez seja o principal (e único) destaque positivo do filme, o que não
dá para dizer do garoto Zen McGrath, que nitidamente não estava à altura
de tamanha responsabilidade. Ele tem uma atuação forçada em todos os
momentos, e chega a ser incômodo assisti-lo em cena por conta disso.
Laura Dern e Vanessa Kirby também estão no piloto automático, e a
participação de Anthony Hopkins é mais rápida que um relâmpago e, neste
caso, completamente desnecessária. Os diálogos também sempre tentam
trazer alguma frase pronta ou uma fala super expositiva, e fica
extremamente cansativo de acompanhar e principalmente de aceitar que os
personagens estão realmente falando aquelas coisas. Por fim, O Filho
acaba falhando em tudo que propõe, e o mais triste disso é que o tema é
muito importante e merecia ter sido melhor trabalhado.
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