domingo, 14 de maio de 2023

Crítica: Air - A História por Trás do Logo (2023)


No início da década de 1980, a empresa norte-americana Nike era líder na venda de tênis para corridas, porém existia um mercado muito mais lucrativo em que ela não conseguia competir de igual para igual com as suas concorrentes: o do basquetebol, onde as gigantes Converse e Adidas dominavam as vendas e os patrocínios dos principais jogadores. Coube ao olheiro da Nike na época, Sonny Vaccaro, tentar mudar este cenário ao fazer todos os esforços possíveis para fechar um acordo arriscado com a maior promessa do esporte na época: Michael Jordan, um garoto de 18 anos, recém chegado ao Chicago Bulls para disputar sua primeira temporada na NBA.


Air: A História por Trás do Logo, novo filme dirigido por Ben Affleck, conta a história do acordo fechado entre a Nike e Michael Jordan, e da criação de um dos tênis mais icônicos da história, o Air Jordan. Obviamente que o roteiro vai muito além disso, e confesso que me surpreendeu bastante a competência com que apresenta os temas que propõe. Estamos em 1984, e acompanhamos Sonny (Matt Damon), que tem como função garimpar jovens promessas do esporte para serem patrocinados pela empresa. No entanto, ele não tem tido o resultado esperado há muito tempo, e isso vem incomodando demais o CEO, Phil Knight (Ben Affleck).

Isso tudo pode mudar quando Sonny fica obcecado por Michael Jordan, um garoto que chegou badalado do basquete universitário. Jordan, no entanto, tem uma forte resistência em fechar acordo com a Nike, pois possui uma nítida preferência pelas duas concorrentes diretas. A partir de então, Sonny acaba tendo que criar uma estratégia para convencê-lo de que a Nike seria o lugar certo, e é quando surge a ideia de fazer um tênis especial com as características de Jordan, algo jamais feito anteriormente.


O roteiro de Alex Convey é extremamente dinâmico e divertido, e tem muitas referências aos anos 1980, não somente na parte estética e nas frases ditas pelos personagens com alusões à época, como também na excelente trilha sonora. Affleck acerta em focar a história nos bastidores do acordo, e não na figura de Michael Jordan, que por sua vez aparece muito pouco e sempre de costas ou de lado. Aqui ele não é protagonista, até porque na época ele ainda não era o grande astro que todos nós conhecemos, e todas as escolhas sobre seu futuro são feitas pelos pais, Deloris (Viola Davis) e James (Julius Tennon).

Não dá para dizer que o filme faz propaganda da marca, mas cita vários fatos históricos e curiosidades da mesma, como a origem do logo que é usado até hoje e que é reconhecido em qualquer parte do mundo. Porém, é tudo encaixado de maneira bem orgânica na história, mais para situar o espectador do que qualquer outra coisa. O tom pesa mais na hora de falar das concorrentes, e cito como exemplo a clara intenção de mostrar a Adidas como oriunda do nazismo alemão. Algumas outras situações também passam uma imagem de que a Nike seria uma boa empresa, que se preocupa com os atletas, enquanto as outras são gananciosas e só pensam no dinheiro. E se tratando do mundo corporativo, sabemos como isso soa no mínimo controverso.


O filme tem ótimas atuações, com destaque para a dupla Matt Damon e Ben Affleck. Jason Bateman também chama a atenção ao dar vida a Rob Strasser, o diretor de marketing da Nike na época. Temos ainda uma Viola Davis sempre competentíssima, que brilha mais uma vez na pele da mãe de Michael Jordan. Por fim, Air acaba sendo mais um acerto nessa carreira interessantíssima de Ben Affleck como diretor, e uma das boas surpresas do ano até então.


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