quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Crítica: Ferrari (2023)


Conhecido por seus thrillers policiais (Fogo Contra Fogo, O Informante, Inimigos Públicos), o diretor Michael Mann desta vez resolveu se aventurar no mundo das cinebiografias, trazendo um filme tão enérgico quanto qualquer um dos seus outros trabalhos, mas focando no drama e na paixão do italiano Enzo Ferrari pela alta velocidade ao contar um recorte na vida do empresário e criador da scuderia Ferrari.


O roteiro se passa em 1957, momento em que Enzo (Adam Driver) e sua esposa Laura (Penélope Cruz) enfrentam a iminente falência da empresa que haviam construído há 10 anos atrás. Além disso, eles acabaram de passar pela trágica perda do filho pequeno, e também estão tendo que lidar com o luto em meio a todo o caos. Logo fica evidente que o casal tem uma relação praticamente de fachada, já que não existe mais nada entre eles além dos negócios. Enzo inclusive tem uma vida dupla com Lina (Shailene Woodley), às escondidas de Laura, onde possui um outro filho.

A figura de Enzo apresentada por Michael Mann é de um homem extremamente frio, egocêntrico e inescrupuloso. Nada empático, ele só quer ver o resultado dos seus negócios, doa a quem doer. Quando um dos pilotos morre em um grave acidente, ele imediatamente já tem um substituto nas mãos, pois não pode perder tempo e nem dinheiro. Sua ambição em 1957 era ganhar a icônica “Mille Miglia”, uma corrida de longa distância que atravessava várias regiões da Itália, já que isso era crucial para vender mais carros e impulsionar novamente a montadora. Curiosamente, a edição de 1957 foi a última da corrida, já que após um acidente fatal que vitimou o piloto Alfonso de Portago e vários outros espectadores na beira da estrada, o governo italiano resolveu proibi-la de vez.


O grande destaque do filme é a atuação firme e segura de Penélope Cruz como Laura Ferrari. Adam Driver por sua vez está quase no piloto automático, mas não compromete. O mesmo não se pode dizer de Shailene Woodley, que é uma verdadeira decepção (mais uma vez em sua curta carreira) em um papel completamente deslocado. Tecnicamente o filme tem cenas muito bem feitas, com vários planos aéreos e câmeras frenéticas durante as corridas, mas uma das cenas em específico me causou um enorme estranhamento, com o uso de um CGI inacreditavelmente ruim para um filme de orçamento tão grande. Por fim, Ferrari acaba sendo um filme que nitidamente poderia ter ido muito mais além, sobretudo quando falamos em estudo de personagem, mas ainda assim entretém pelo alto nível de adrenalina e imersão para quem gosta de automobilismo.

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