Crítica: Blue Jasmine (2013)

Depois de viajar por Barcelona, Roma e Paris, chegou a vez de Woody Allen voltar aos Estados Unidos, mais precisamente para a cidade de São Francisco, nesse que talvez seja o seu melhor filme nos últimos 5 anos.

Casada com o investidor Hal (Alec Baldwin), Jasmine (Cate Blanchett) vive em Nova York no meio da alta sociedade, usando e abusando do dinheiro do marido em compras, festas e viagens pelo mundo. Sua vida aparentemente fácil chega ao fim quando Hal é levado preso pelo FBI, acusado de fraudes. Ela, que tinha tudo, acabou indo à falência, sem ter para onde ir.

Sua decisão é partir rumo a São Francisco, para a casa de sua irmã Ginger (Sally Hawkins). Jasmine porém sempre a desprezou, mesmo que implicitamente, por ser pobre e pouco ambiciosa, trabalhando como empacotadora em um pequeno supermercado. A casa de Ginger, como era de se esperar, também é muito abaixo dos padrões que Jasmine estava acostumada, mas como não há outra opção, temporariamente ela fica instalada enquanto tenta traçar um novo rumo para a vida.

Ao longo do filme, vamos tendo alguns flashbacks da vida de casada de Jasmine, mostrando que as coisas nem eram tão belas assim quanto pareciam no início do filme. Já em São Francisco, ela começa a literalmente viver a nova vida, ou pelo menos tentar se acostumar à ela. Depois de um tempo, ela consegue um trabalho como recepcionista de um dentista, que no fim acaba assediando-a. Enquanto isso, faz aulas de informática para seguir carreira de design de ambientes através do computador. 

Ela vai levando essa vida "pé no chão" até ser convidada pela sua professora para ir em uma festa, onde acaba conhecendo Dwight (Peter Sarsgaard), um homem rico com quem aparentemente tudo pode voltar a dar certo. O final, no entanto, é surpreendente, mostrando que a originalidade de Woody nas criações de seus roteiros parece intacta mesmo com o passar dos anos.

O ponto forte é certamente a participação de Cate Blanchett. O filme é dela, simples assim. Em uma das suas melhores atuações da carreira, Blanchett personifica com perfeição essa personagem neurótica e enigmática. Por conta disso, ela é favorita para vencer como melhor atriz nas principais premiações desse ano.

Com uma trilha sonora impecável, como de praxe nos filmes do diretor, ele deixa de lado a comédia dos seus últimos filmes, trazendo um drama bastante denso, sobre uma mulher abaldada e em "queda livre". A fotografia também é belíssima, mostrando os lados mais bonitos da cidade de São Francisco, com várias cenas tendo a ponte Golden Gate como fundo. 

Por fim, Blue Jasmine é sem dúvida um dos melhores filmes de 2013. Woody Allen é sempre garantia de bom filme (com raras exceções) e aqui ele novamente acerta em cheio. Se você ainda não viu, eu recomendo.