sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Crítica: A Juventude (2015)


Em 2014, o italiano Paolo Sorentino surpreendeu o mundo ao conquistar os prêmios de melhor filme estrangeiro no Óscar, no Globo de Ouro e no BAFTA, por A Grande Beleza. Pois em 2015 o diretor volta a abordar a passagem do tempo em A Juventude, seu segundo filme em língua inglesa, que conta com um elenco cheio de bons veteranos.


Ambientado em um Spa localizado nos Alpes Suíços, o longa acompanha dois amigos de longa data que ali estão hospedados: Fred (Michael Caine), um compositor e maestro, lembrado eternamente por uma série de composições consideradas obras-primas, e Mick (Harvey Keitel), um cineasta que está acompanhado de um grupo de jovens escritores na tentativa de fazer seu último filme.

Durante a hospedagem no lugar, os dois conversam e dissertam sobre diversos assuntos, como as lembranças da infância, o medo da morte, os planos que deixaram para trás, o legado que vão deixar para as futuras gerações e os modos de vida da sociedade atual. São diálogos sublimes, que combinam com a beleza estética do lugar e nos fazem refletir sobre as nuances da vida humana.


Fred recebe o convite para voltar ao palco numa apresentação especial para a Rainha da Inglaterra, mas não aceita por um motivo bem particular: ele não quer ver ninguém interpretando as músicas que antes eram interpretadas por sua mulher, que hoje vive em um asilo vitimada pelo Alzheimer. Já Mick sofre por não conseguir encontrar o final perfeito para seu filme, e vive na esperança de ter Brenda (Jane Fonda), uma antiga companheira de filmes, no papel principal.

Ao redor dos dois, uma série de outros personagens curiosos também ganham voz, como Jimmy (Paul Dano), um ator que está se preparando para seu novo papel e odeia ser sempre lembrado por um papel específico em um filme de super-herói. Além dele tem ainda um astro argentino de futebol, aposentado e decadente (a semelhança com Maradona não é mera coincidência), uma miss universo (Madalina Ghenea) que põe a imaginação de todos para funcionar e Leda (Rachel Weisz), filha de Fred que vive um momento complicado de seu relacionamento com Julian (Ed Stoppard).


Na parte técnica, a fotografia é sem dúvida o que mais chama a atenção, com belas tomadas. A trilha sonora também é belíssima e dá um toque especial à trama, além das boas atuações de Michael Caine e Harvey Keitel. A Juventude é um filme bastante reflexivo, sobretudo a repeito da passagem do tempo e de suas irreparáveis consequências. Dividiu opiniões em Cannes, tendo sido vaiado e aplaudido de pé ao mesmo tempo, e é um dos fortes nomes para a corrida do próximo Óscar.

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