quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Crítica: Cinco Graças (2015)


Escolhido como representante da França no próximo Óscar de melhor filme estrangeiro, Cinco Graças (Mustang), da diretora estreante Deniz Gamze, chamou a atenção do público em Cannes e foi bastante elogiado em outras amostras pelo mundo, como no Festival do Rio. Encantador mas ao mesmo tempo triste, o filme é um verdadeiro tratado sobre o amadurecimento e a liberdade de escolha em uma cultura extremamente machista e conservadora.



O enredo é muito semelhante ao de As Virgens Suicidas, de Sofia Coppola, porém tendo como pano de fundo a Turquia. Cinco meninas órfãs vivem no interior do país com a avó e o tio, onde são controlada em tudo o que fazem. Elas estão numa época de descobertas, principalmente do amor e da sexualidade, e o único momento de liberdade é quando estão na escola. No entanto, uma simples brincadeira com colegas meninos as colocam em um grande escândalo na cidade e muda drasticamente a rotina de todas.

Querendo evitar que elas envergonhem sua família, Erol (Ayberk Pekcan), o tio das meninas, resolve trancar todas elas dentro de casa, impedindo que elas saiam até mesmo para ir à escola. No decorrer do tempo a família vai recebendo pretendentes em sua casa, e uma a uma, elas vão sendo entregues a casamentos arranjados, sobrando no fim apenas duas, que passam a planejar a fuga definitiva do lugar antes que seja tarde demais.



O filme é um verdadeiro tapa na cara da sociedade. Se passa na Turquia mas poderia se passar em muitos outros lugares onde a realidade é parecida ou até mesmo pior para as mulheres. A falta de liberdade, muitas vezes por questões religiosas, ainda é um mal que existe em muitas culturas, e o filme traz a discussão à tona com competência e sem ser fundamentalista.

Com grandes atuações das meninas, principalmente de Gunes Sensoy, que faz a caçula Lale, Cinco Graças é uma grata surpresa do cinema francês em 2015, mesmo que da França não tenha nada, nem mesmo o idioma. O ritmo lento pode incomodar em algumas partes, mas o resultado final compensa.


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