segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Crítica: Uma Noite de 12 Anos (2018)


Entre os anos 1950 e os anos 1980, todos os países do sul da América do Sul passaram por algum período de ditadura militar. Foram 35 anos de regime no Paraguai, 21 no Brasil, 17 no Chile, 7 na Argentina, e 12 no Uruguai, que teve por sua vez uma das mais violentas. E é dentro deste momento conturbado do país que se passa Uma Noite de 12 Anos (La Noche de 12 Años), novo filme do diretor Álvaro Brechner.


O filme ganhou notoriedade ao prometer mostrar a prisão de Pepe Mujica durante o regime, o mesmo Mujica que se tornou presidente do Uruguai entre 2010 e 2015. Entretanto, Mujica não é o único protagonista da estória, inclusive é um dos que menos aparecem durante o longa. Junto dele foram presos outros dois de seus amigos, Mauricio Rosencof e Eleutério Huidobro, todos membros do Tupamanos, grupo que lutava na época contra o militarismo.

Apesar de serem presos ao mesmo tempo, os três passaram anos isolados em suas celas individuais, uma mais escura e insalubre que a outra. Foram anos de torturas, físicas e psicológicas, mas eles nunca desistiram. Com determinação e amor à vida, cada um buscou de alguma forma manter a sanidade no meio do desespero, com a esperança de que um dia aquilo tudo iria acabar.


O roteiro tem uma atmosfera bem claustrofóbica, que serve para dar ao espectador ainda mais veracidade na sensação de enclausuramento. Acabei tendo uma das experiências sensoriais mais incríveis da minha vida ao ver esse filme no cinema quando, após o seu fim, a sala inteira, aos prantos, aplaudia de pé. Todos com certeza estavam unidos em um único pensamento, de que a gente jamais deve deixar que algo do gênero volte a se repetir em qualquer lugar do mundo.

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