O período da infância e
o processo de criação que uma criança recebe dos pais é a coisa mais
importante para o seu desenvolvimento e formação da personalidade que
ela vai ter pelo resto da vida. É um pouco sobre isso que fala A Menina
Silenciosa (An Cailín Ciúin), filme dirigido e escrito por Colm Bairéad, e
que foi o escolhido para representar a Irlanda no próximo Oscar de
melhor filme estrangeiro.
O enredo se passa na zona rural da
Irlanda nos anos 1980 e acompanha Caít (Catherine Clinch), uma menina
entre 9 e 10 anos que vive em uma família cheia de irmãos, mas cujo
afeto é quase nulo. Em casa ela se sente acuada, e na escola ela é ainda
mais excluída, o que a faz ser uma menina extremamente quieta e sem
amigos. Quando a mãe está prestes a dar a luz a mais um filho, Caít é
mandada para passar algumas semanas com um casal de outra cidade, que
não tem filhos e passam os dias cuidando dos animais da sua fazenda.
A
convivência com este casal, ainda que o filme não explique exatamente o
porquê deles terem sido escolhidos, muda completamente a visão de mundo
que Caít tinha. Ela passa a aprender coisas básicas que não sabia sobre
a vida, sobre relações e principalmente sobre afeto. Eibhlín (Carrie
Crowley) e Séan (Andrew Bennett) formam um casal que também tem o
silêncio como característica, porém com muito amor para dar,
principalmente depois de uma suposta tragédia ter acontecido no passado
com o filho que eles tinham.
O filme é muito singelo, e isso é possível sentir até mesmo na sua fotografia, que usa tons leves e tomadas bem simples. A trilha sonora também é bastante sensível, e casa bem com os poucos (mas ótimos) diálogos. Com uma personagem literalmente silenciosa, era preciso focar nos olhares e nas expressões, e a atuação da menina Catherine Clinch consegue passar tudo aquilo que a obra necessitava.
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