sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Cinema e Rock n' Roll: Uma mistura que deu certo!


O cinema tem mais ou menos o dobro da idade do rock n' roll, mas quando este surgiu, tomou logo conta das telas. Levando milhares de jovens ao cinema, na época considerados rebeldes por seu temperamento e jeito de vestir, os filmes do gênero foram considerados grandes influências para a nova geração que estava por vir.

Pode-ser dizer que o pioneiro dessa mistura entre cinema e rock n' roll foi o filme Blackboard Jungle (Sementes da Violência) de 1955, que trazia na sua trilha a música "Rock Around the Clock" do Bill Halley. Um ano depois, Élvis Presley viu no cinema uma grande chance de faturar, e resolveu lançar o seu primeiro filme de uma série que viria depois, Love me Tender (Ama-me com Ternura). Presley não imaginava que estaria abrindo as portas para um novo gênero cinematográfico de sucesso. Após isso, veio uma sucessão de filmes do astro, entre eles os famosos Jailhouse Rock (O Prisioneiro do Rock) de 1957, King Creole (Balada Sangrenta) de 1958 e Viva Las Vegas (Amor a Toda Prova) de 1964. Esse último, considerado por muitos críticos como a melhor atuação da sua carreira.



A "aventura" de Élvis pelo mundo do cinema foi um empurrão e tanto para os Beatles, que decidiram fazer o mesmo e estrelaram seu primeiro filme assim que puderam. A Hard Day's Night (Os Reis do iê iê iê) de 1964, foi feito às pressas, pois não se acreditava que os Beatles ainda seriam sucesso até o final daquele ano. O filme, que mostrava a rotina diária dos garotos de Liverpool, incluindo perseguições dos fãs, entrevistas e participações em programas da televisão, foi um grande sucesso de público e crítica, e abriu espaço para novos filmes do grupo mais famoso da época.



Os Beatles lançaram então Help!, em 1965, com o mesmo diretor do primeiro filme, Richard Lester. Novamente, os quatro integrantes fazem o papel deles mesmos nessa comédia nem tão "geniosa", mas que apesar de tudo, tem um resultado final interessante. A banda ainda lançaria dois filmes relevantes antes do fim da carreira, Magical Mistery Tour, de 1967, que trazia todos os traços de psicodelia apesar de ser em preto e branco e Yellow Submarine, uma animação de 1968 que não era bem vista pelos próprios membros da banda, mas que acabou sendo um sucesso de público e crítica logo após ser lançado. 

Quando a banda se separou, estava em processo a filmagem de um documentário que se chamaria Get Back, e mostraria os bastidores das gravações do último disco. Porém, era evidente nos vídeos que os integrantes não se suportavam mais e por conta disso o lançamento foi cancelado, justamente para não passar essa imagem da dissociação aos fãs.



Enquanto isso, aproveitando o embalo, outros artistas importantes também faziam seus filmes na década de 60. Os Rolling Stones tiveram uma série de documentários sobre eles, incluindo Sympathy for the Devil, o mais famoso deles, dirigido pelo francês Jean-Luc Godard. Além disso, Mick Jagger também participaria de alguns filmes como ator, sem o restante da banda.



Bob Dylan também foi outro nome que se aventurou nas telas, e teve sua história gravada no filme Bound of Glory (Essa Terra Não é Minha) de 1976, dirigido por Hal Ashby, que chegou a ganhar o Oscar de trilha sonora e fotografia. Dylan ainda participaria de muitos filmes ao longo da carreira artística, mas nenhum tão marcante quanto esse. Já Jimmy Page, famoso guitarrista do Lez Zeppelin, apareceria em 1966 no filme Blow Up - Depois Daquele Beijo, do Michelangelo Antonioni, num dos raros momentos em que sua antiga banda, The Yardbirds, aparece em vídeo.



Ainda nos anos 60, diversos filmes não tiveram artistas no elenco, mas usaram o rock n' roll como base da trilha sonora. O filme The Graduate (A Primeira Noite de um Homem) de 1967, apresentou ao mundo as canções de Simon & Garfunkel "The Sounds of Silence" e "Mrs. Robinson", que viriam a ser sucesso posteriormente. Em 1969, foi lançado Easy Rider (Sem Destino), filme que marcou uma geração e tinha como trilha a música "Born to be Wild" do Steppenwolf. Se até hoje associamos essa música com dirigir de moto em uma estrada, é por causa desse filme.



Nos anos 70, uma nova moda surgiu entre as bandas mais conceituadas: a "ópera rock". Primeiro eram lançados os discos, geralmente duplos, e depois esses discos viravam filme. Tommy, da banda inglesa The Who, é considerado o primeiro grande lançamento nesse formato. O filme trata-se literalmente de uma tradução visual do disco, sendo que todas as falas ditas são trechos de músicas do álbum. A banda ainda lançaria mais um filme baseado em um disco seu, Quadrophenia, em 1983, apesar desse não ter tido a participação física da banda, como no primeiro.



Aproveitando o sucesso de Tommy, o Pink Floyd, outra banda importante da década, lança sua ópera-rock The Wall, em 1979. A adaptação para as telas só iria ocorrer em 1982, e somente o vocalista, Roger Waters, participaria em uma das cenas. Apesar de ser mais um monólogo do que uma ópera propriamente dita, os fãs consideram até hoje que o filme traduziu perfeitamente o disco para as telas, o que tornou um marco histórico.

A década de 70 ainda ficaria marcada por alguns musicais. O clássico da cultura Hippie Hair, dirigido por Milos Forman, foi um sucesso, apesar de ter sido lançado apenas em 1979, 10 anos após a explosão Hippie pelo mundo. Gimme Shelter, mais um documentário sobre os Rolling Stones, também ganhou fama na época. Além disso, foram lançadas diversas representações em vídeo de festivais ao redor do mundo, principalmente sobre o maior deles, Woodstock.



A década seguinte foi marcada, não só no cinema como no mundo, pela invasão dos punks. O primeiro filme que podemos considerar do estilo, não só no visual como nos ideais, é o britânico Jubilee, lançado ainda em 1977. Ainda no finalzinho de 1979, seria lançado Rock n' Roll High School, que seria estrelado pelos Ramones e se tornaria cult ao longo do tempo, servindo como base para muitos filmes escolares posteriores.



O diretor mais significativo dessa época sem dúvida é Alex Cox. Na década de 80, Cox filmou diversos documentários e filmes sobre a onda punk e seus ideais, mas seus dois filmes mais marcantes são Repo Man - A Onda Punk de 1984, que contava os bastidores de diversas bandas do gênero e Sid & Nancy - O Amor Mata, que retratava o romance entre o baixista dos Sex Pistols Sid Vicious e sua namorada Nancy.



Os anos 90, chegaram trazendo super produções do gênero. Diversas cinebiografias foram lançadas, além de filmes que tentavam transmitir toda energia que havia nos anos 60 e 70, e época da explosão do rock, para pessoas que não vivenciaram aquilo.

O primeiro grande destaque da década fica por conta do filme The Doors, lançado em 1991, e dirigido pelo consagrado diretor Oliver Stone. O filme conta a história da banda, com enfoque na vida e obra do seu band-líder, Jim Morrison. Val Kilmer merece até hoje todos os elogios possíveis pela sua caracterização de Morrison, que de tão perfeita, faz a gente esquecer que não é o próprio ali em cena.



Em 1994, Iain Softley lança Backbeat (Os Cinco Rapazes de Liverpool), que conta a pré-história dos Beatles, quando eles ainda eram cinco integrantes. Uma história que até então só era conhecida pelos fãs mais fervorosos.

Em 1996, Tom Hanks escreve, dirigi e atua em That Thing You Do! (The Wonders - O Sonho Nunca Acaba). O filme mostra todo o processo de uma banda desde o anonimato até o sucesso, e até hoje é lembrado como um dos melhores do gênero. Sua canção título chegou a sair fora do âmbito cinematográfico, tocando em rádios e sendo para sempre lembrada por artistas famosos.



Ainda na década de 90, seriam lançados mais dois filmes de sucesso sobre o estilo musical: Velvet Goldmine, de 1998, que retratava o período do Glam Rock e suas maquiagens pesadas e espalhafatosas, e Detroit Rock City, de 1999, que contava a história de um fã da banda Kiss que fez de tudo para ver um show deles.



Chegamos enfim ao ano 2000. Nesse mesmo ano, foi lançado o clássico absoluto Almoust Famous (Quase Famosos), dirigido pelo diretor Cameron Crowe. O filme é um marco, e conta a história de um jovem jornalista que acompanha uma banda fictícia durante uma turnê. Crowe fala que todo comportamento da banda fictícia e de seus integrantes foram baseados em comportamentos reais que ele viu durante sua carreira de jornalista. O filme não deixa de ser auto-biográfico, apesar de não citar nomes. O ponto alto é a trilha sonora, claro, que conta com mais de 50 músicas das maiores bandas de todos os tempos. Sem dúvidas, trata-se de uma das melhores homenagens que o cinema já fez para o estilo.



Em 2001, foi lançado Rockstar, do diretor Stephen Herek, outro filme de destaque que conta a história de um vendedor de loja que ao mesmo tempo é vocalista de uma banda cover de seu grupo de Heavy Metal preferido, o Steel Dragon. 

Já no meio da década, o ator Jack Black, com seu estereótipo excêntrico, seria responsável por lançar duas comédias hilariantes abordando o tema, School of Rock (Escola de Rock) em 2003 e Tenacious D em 2006. 

No primeiro filme, Jack Black acaba virando professor substituto de uma classe de crianças e, ao invés de ensinar matemática com estava no plano didático, resolve ensinar os meninos e as meninas a tocarem rock n roll clássico, chegando a formar uma banda. Já no segundo, Jack Black conta a história fictícia de sua banda Tenacious D (essa sim, verdadeira) que tenta encontrar a "palheta do destino", que teria sido feita do dente do próprio demônio (vivido no filme pelo Dave Grohl). O filme ainda conta com a participação de Ronnie James Dio em uma das cenas.



No entanto, de lá pra cá, foram quase nulas as produções de ficção sobre o assunto. Ainda assim, o pouco que teve foram filmes realmente interessantes. Tem Nowhere Boy (O Garoto de Liverpool), lançado em 2009, que mostra a infância e adolescência de John Lennon. The Boat That Rocked (Os Piratas do Rock), que mostra o período de ascensão do rock na Inglaterra, e o quanto as rádios piratas foram responsáveis por isso. Control, cinebiografia do cantor e compositor do Joy Divisio, Ian Curtis, além de The Runaways, que conta a história da banda homônima formada só por mulheres.



Hoje em dia também cresceu consideravelmente o número de documentários musicais. Alguns de alta qualidade como I'm Not There (Não Estou Lá) sobre Bob Dylan ou Shine a Light, do Martin Scorsese, sobre os Stones. Outros nem tanto.

Enfim, o mais importante de todas essas obras citadas é que, além de terem sido marcantes para suas respectivas épocas, ainda continuam sendo de extrema importância para as gerações futuras, por trazerem tamanha bagagem cultural. Que os diretores e os estúdios nunca se cansem do gênero, e que a gente ainda possa ver muita coisa boa sobre essa que é uma das melhores combinações da vida: cinema e rock n' roll.

Um comentário:

  1. Excelente Colección, mal hijo predilecto The Doors y la comédia Detroit Rock City. Hijo de historias realmente muy, muy buenas.

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