Há 113 anos atrás nascia na Espanha o cineasta Luis Buñuel, conhecido pela sua obra surrealista e sua parceria com Salvador Dalí na criação de alguns de seus roteiros. A obra de Buñuel, apesar de ter sido aclamada pela crítica, sempre trouxe escândalos e polêmica, tornando-o um dos diretores mais controversos do mundo.
Buñuel fez faculdade de Filosofia e Letras em Madrid, onde acabou conhecendo nomes como Salvador Dalí e Federico García Lorca, que o influenciaram nas correntes culturais e renovadoras da época (Darwinismo, Jazz, Comunismo e Ateísmo).
Seu primeiro filme, um curta de 15 minutos chamado Um Cão Andaluz (Un Chien Andalu), com roteiro de Dalí, já trazia indícios do que viria pela frente na sua carreira. O filme é conhecido como um dos filmes mais surrealistas de todos os tempos, e se baseia nos conceitos de Freud, e o subconsciente fantástico do mundo dos sonhos.
Para lembrar sua data de nascimento, fiz uma lista com os 5 melhores filmes que tive a oportunidade de assistir desse diretor um tanto quando excêntrico. Buñuel morreu na Cidade do México, onde passou grande parte da vida, em 1983.
1 - Viridiana (Viridiana) - 1961
O filme conta a estória de Viridiana (Silvia Pinal), uma mulher que às vésperas de virar freira, acaba indo passar um fim de semana na casa de um tio, que obcecado pela sua beleza, tenta seduzi-la de todas as maneiras. Com a morte do tio, Viridiana acaba desistindo da vida religiosa e passa a viver na sua mansão. Movida pela caridade cristã, ela decide abrigar e alimentar todos os mendigos da região, mas eles porém, não se comportam do jeito que ela esperava.
O filme é uma grande crítica, tanto às práticas religiosas, como ao comportamento humano. O filme foi proibido de passar na Espanha até 1977, por ser considerado anti-clerical.
2 - O Discreto Charme da Burguesia (Le Charme Discret de la Bourguesie) - 1973
Numa mistura de situações reais com sonhos e devaneios dos personagens, o filme se passa em uma tarde onde alguns amigos resolvem se juntar para jantar. Uma crítica à hipocrisia da vida social burguesa, onde todos se odeiam e fingem se gostar, onde todos vão para um mesmo lugar sem ir de fato a lugar algum, onde todos se escondem atrás de uma religião para esconder seus lados podres e fogem quando devem ouvir ou falar algo importante. Que sátira, meus amigos. Que obra!
O filme foi o vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro daquele ano, representando a França.
3 - O Anjo Exterminador (El Ángel Exterminador) - 1962
Após uma extravagante e farta refeição, os convidados se sentem estranhamente incapazes de deixar a sala de jantar, e nos dias que se seguem, pouco a pouco, suas convenções sociais vão caindo e as máscaras de cada um vão se desprendendo, o que faz com que o grupo passe a viver como animais.
Filmado em um dos seus períodos no México, O Anjo Exterminador é mais um filme crítico do diretor, sobre os costumes do ser-humano.
4 - A Bela da Tarde (Belle de Jour)
A história de Séverine (Catherine Deneuve), jovem rica e infeliz, que frequenta um discreto bordel na tentativa de realizar suas fantasias sexuais e conseguir o prazer que seu marido não consegue lhe dar.
Um filme ousado e impactante, sobre o comodismo que o casamento muitas vezes trás, mas principalmente sobre o sentimento de culpa. Um destaque para a beleza estonteante de Deneuve.
5 - Os Esquecidos (Los Olvidados) - 1952
Los Olvidados é o primeiro grande clássico do diretor no seu período no México. O filme mostra o dia a dia de um grupo de jovens delinquentes nos subúrbios da capital do país. Entre eles estão Jaibo, um recém fugido do reformatório e Pedro, um garoto rejeitado pela mãe que acaba se envolvendo em um assassinato.
A degradação humana em voga, e talvez a primeira crítica séria de Buñuel à sociedade, mostrando toda barbárie e miséria em frente a uma grande construção.
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