Depois da aventura pelo cinema americano com o entediante Aqui é o Meu Lugar, o diretor italiano Paolo Sorentino volta ao cinema italiano com A Grande Beleza (La Grande Belezza), filme que vem conquistando diversos prêmios e críticas positivas por onde passa.
Na trama acompanhamos Jap Gambardella (Toni Servillo), um jornalista que há alguns anos atrás lançou um livro famoso, "O Aparato Humano", tido por muitos como uma obra-prima. No entanto, após esse livro ele não escreveu mais nenhuma outra obra, e já idoso passa a refletir sobre o que fez e o que não fez da vida.
Entre festas da alta sociedade e pequenos luxos, ele encontra outras pessoas da mesma idade que vivem o mesmo dilema de tentar, ainda que tarde, descobrir um sentido para a vida. Alguns pagam milhões para que uma cirurgia plástica faça com que aparentem a juventude que perderam, enquanto outros se afogam no mundo das drogas e do sexo.
Jap não sente mais nenhum apreço pela vida, principalmente por ver toda a futilidade que o envolve diariamente. Quando ele conhece uma freira de 104 anos de idade que continua com a mente saudável, ele passa a enxergar um novo rumo e reencontra até mesmo a vontade de escrever.
O ponto alto sem dúvida alguma são os diálogos, existencialistas ao extremo. Fazemos uma viagem junto de Jap aos mais profundos sentimentos nostálgicos, além de digressões sobre o comportamento humano. A trilha sonora é encantadora, e a fotografia de Roma também é impactante (irei lembrar para sempre a vista da varanda de Jap, de frente para o gigantesco Coliseu). Destaque ainda para a atuação sempre precisa de Toni Servillo.
No entanto, nem tudo são flores. Achei a tentativa do diretor de tentar elevar o filme a um nível de obra de arte bastante enfadonha. Suas passagens oníricas e metafóricas acabam ficando desgastantes no desenrolar da estória, e o filme às vezes parece não ter um foco preciso.
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