sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Crítica: O Capital (2013)


O cineasta grego-francês Constantin Costa-Gavras, conhecido por seus filmes polêmicos, traz em seu novo trabalho, O Capital (Le Capital), uma dura visão do mundo capitalista comandado pelo dinheiro, sobretudo a respeito das instituições bancárias que fazem o que bem entendem, geralmente de forma antiética, em nome de um lucro cada vez maior.


Quando o presidente do gigantesco Banco Phenix é diagnosticado com câncer, ele se vê obrigado a escolher um substituto temporário para comandar a instituição. Indo contra todos os seus acionistas e conselheiros ele acaba escolhendo Marc Tourneuil (Gad Elmaleh), um dos operadores financeiros mais respeitáveis apesar da pouca idade em relação aos colegas.

Marc assume e resolve dar uma cara nova para os negócios. Enquanto isso, tem de conviver com a hipocrisia dos colegas, e com toda a sujeira e a podridão existentes por trás do mundo dos negócios. Apesar de assumir o cargo pretendendo agir com ética, aos poucos ele vai sendo influenciado pelo mundo que o rodeia, e passa a se meter em uma série de armações que antes criticava.


Uma delas choca a todos: a demissão em massa de milhares de funcionários espalhados pelos 49 países onde o banco atua, em troca de bônus por cada demissão e de um aumento significativo nas ações. Tido como um "Robin Hood reverso", que tira dos pobres para dar aos ricos, ele vive sua vida rodeado de luxos e ostentações, como carrões, hotéis caríssimos, jatinhos e viagens.

A cena final resume todo o sentimento de que Costa-Gavras quis passar com o longa, quando Marc vira para a câmera sobre os aplausos dos colegas e declara: "São umas crianças. Crianças crescidas. Se divertem, e continuarão se divertindo, até que tudo exploda".


Com um enredo envolvente e complexo, Costa-Gravas consegue surpreender e segurar o espectador até o final, trabalhando uma estória sobre bancos e investimentos de forma atraente. É sem dúvida alguma um dos grandes filmes do ano, e o cineasta de 80 anos nos prova que ainda não perdeu sua qualidade.


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