O Sonho de Wadjda (Wadjda), da diretora saudita Haifaa Al Mansour, é mais um dos concorrentes ao Óscar do ano que vem no qual me detive a ver com esperança de ser uma boa obra. Confesso que me decepcionei um pouco, mas se for pensar no quão importante essa obra será daqui uns anos para o país árabe, vale a pena pensar um pouco mais com carinho no resultado final.
Logo na primeira cena, percebemos que Wadjda é uma menina que nasceu no lugar errado. Enquanto todas as suas colegas de escola usam sapatos de meninas, ela usa um all star preto, desbotado, de cadarços azuis. Chegando em casa, ela põe música pop e rock, que irrita sua mãe que fala que esse tipo de música traz más energias.
Pois bem, Wadjda traz no corpo todo o espírito rebelde de uma geração de adolescentes mulheres que cresceu e ainda vive sob fortes conservadorismo por parte da sociedade machista regida pelas leis do alcorão. Seu maior sonho é comprar uma bicicleta, para poder apostar corridas com seu melhor amigo, Abdallah.
Apesar da premissa parecer boa, o filme é bastante inconstante. Para começar, a personagem principal é tão fútil em alguns momentos que parece saída de um seriado da Disney. Os diálogos são péssimos, e talvez uma das poucas coisas que devam ser exaltadas na obra é a trilha sonora.
A diretora tenta mostrar esse drama de forma singela, buscando na naturalidade das ações do dia-dia uma aproximação com a cultura do país. Porém, há um exagero na forma de conduzir a estória. As partes dramáticas são bem mal construídas e o enredo parece não ter um foco a se apegar, buscando em situações banais uma exploração da opressão vivida pelas mulheres árabes.
Apesar dos pesares, não há como negar que é um marco na história do cinema feito na Arábia Saudita. Pela primeira vez um filme do país, que viveu anos enclausurado numa opressão que não aceitava nenhum tipo de manifestação artística, concorre ao Óscar de melhor filme estrangeiro. E isso já é um feito e tanto.
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