quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Crítica: Um dia de Chuva em Nova Iorque (2019)


Conhecido pela particularidade de lançar um filme por ano, Woody Allen passou 2018 em branco, algo que não acontecia desde 1981. O motivo disso foram as novas denúncias de abuso envolvendo o nome do diretor, o que ocasionou uma série de dificuldades para lançar seu novo trabalho. Enfrentando resistência da distribuidora, do estúdio e até mesmo do próprio elenco, o filme quase foi cancelado de vez, mas finalmente saiu, já quase no final de 2019 (ufa!). Porém, vendo o resultado final na tela, não dá para dizer que valeu a pena toda a espera.



Um Dia de Chuva em Nova York (A Rainy Day in New York) soa como mais uma declaração de amor de Allen à cidade que mais serviu de cenário para suas histórias. O longa acompanha Gatsby (Timothée Chalamet), um jovem que planeja passar um final de semana romântico com a namorada Ashleigh (Elle Fanning) em Manhattan, depois que ela recebe a chance de entrevistar na cidade um dos diretores de cinema mais famosos da atualidade, Roland Pollard (Liev Schreiber). O que era para ser romântico, no entanto, vai por água abaixo quando Ashleigh se vê o dia inteiro ocupada com situações bem peculiares e Gatsby reencontra uma velha conhecida.

O ritmo do filme é atropelado e isso atrapalha bastante. A verdade é que muita coisa acontece em muito pouco tempo. Há uma cena onde isso fica evidente, quando Gatsby está caminhando na rua e poucos segundos depois já está participando da filmagem do filme de um amigo. Além disso, muitos personagens aleatórios também aparecem e logo somem, na maioria das vezes apenas para falar algo que não leva a lugar nenhum dentro do roteiro.



Outra coisa que incomoda muito é o fato dos personagens não serem nada inéditos na carreira do diretor. Parecem ser apenas uma repetição eterna de um esteriótipo já batido e ultrapassado. Woody Allen também demonstra falta de compreensão da juventude atual ao mostrar jovens de 20 anos, em plenos anos 2010, com uma verborragia irritante, cheios de referências dos anos 30 e uma completa ausência de tecnologias. Isso talvez funcione em personagens adultos, experientes, mas não em jovens com efervescência pulsante. 

O casal protagonista , diga-se de passagem, forma um dos casais mais sem química que eu já vi no cinema, apesar do esforço dos atores. Elle Fanning e Thimothéé Chalamet não parecem estar e sintonia em momento algum, em atuações bem fracas. Outro nome conhecido do elenco é o de Selena Gomez, que nas poucas vezes em que aparece bem cumpre bem o seu papel.



Por fim, Um dia de Chuva em Nova York poderia ser apenas mais um filme de Woody Allen, pois contêm todas as características do seu cinema, mas todos os elementos comentados acima fizeram desse um dos seus piores trabalhos.


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