quarta-feira, 12 de abril de 2023

Crítica: Os Cinco Diabos (2022)


No seu segundo longa-metragem da carreira, a diretora francesa Léa Mysius nos apresenta um filme excêntrico que mistura temas realistas e bastante atuais com elementos fantasiosos. A trama acompanha Joanne (Adèle Exarchopoulos), uma jovem que trabalha como auxiliar de natação e vive com sua filha Vicky (Sally Dramé) e seu marido Jimmy (Moustapha Mbengue) em uma pequena cidade à beira dos Alpes franceses.



O clima no casamento não está bom, e o distanciamento emocional dentro de casa é evidente desde o início. Para piorar as coisas, Jimmy recebe a irmã mais nova, Julia (Swala Emati), que ele não via há 10 anos. A presença de Julia cria um ar de mistério no espectador, pois é nítido que Joanne se sente desconfortável com a presença da cunhada, e aos poucos também vamos percebendo que todos os outros moradores da cidade não a querem por perto.

No meio disso tudo, a menina Vicky possui um estranho dom com cheiros, e além de saber identificar todos de longe, também armazena essências em pequenos frascos de vidro para cheirá-las quando quiser. Através do cheiro armazenado de Julia, a garota começa a voltar ao passado, e através destas passagens acompanha de perto o que aconteceu anos atrás, quando a irmã do pai aparentemente foi expulsa da cidade após um ato de selvageria. Consequentemente, também vamos entendendo melhor essa dinâmica entre os personagens, e todos os seus segredos. Sim, o roteiro é extremamente inusitado e brinca com esse lado fantasioso de uma maneira muito original, e como eu não havia lido nada sobre o filme, fui pego de surpresa. E gostei disso.


O filme tem uma boa trilha sonora e eu destaco mais uma grande e impactante atuação da maravilhosa Adèle Exarchopoulos. Quem também merece elogios é a menininha Sally Dramé, que mostra muita intensidade todas as vezes que aparece em cena. Quanto ao roteiro, a diretora optou por trazer temas como racismo e homofobia, mas nesse ponto senti que ela se perdeu um pouco por não se aprofundar como deveria neles. O desfecho é bem interpretativo e aberto, e na minha opinião acabou pesando negativamente no resultado final.


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