Xavier Dolan é relativamente um diretor novo com seus 23
anos, mas já possui uma bagagem de dar inveja em muitos diretores mais
experientes. Confesso que não gostei dos outros dois trabalhos que assisti dele
(Eu Matei a Minha Mãe de 2009 e Amores Imaginários), mas ainda sim, por insistência
ou pura teimosia, resolvi dedicar duas horas e cinquenta minutos do meu tempo
para dar uma nova chance ao seu trabalho. E dessa vez não me decepcionei.
Apesar da longa duração, que poderia ser encurtada
facilmente (fica evidente o excesso em algumas cenas), o filme prende o
espectador até o fim contando a história do casal Fred e Laurence. Mas não se
trata de um casal qualquer. Professor do colegial, Laurence divide seu tempo entre a
mulher e as discussões intelectuais com os amigos . Apesar da aparente
felicidade, há um vazio dentro dele que com o tempo ele não consegue mais
disfarçar, e acaba tendo que expor a público: seu desejo de ter nascido mulher.
Laurence opta então pela troca de sexo, mas as consequências obviamente não são nada fáceis de suportar. Laurence têm de lidar com o preconceito de amigos, familiares, e principalmente com o conflito que isso causa no seu namoro. O enredo aborda justamente essa questão do amor entre os dois, que não desapareceu mesmo depois da bombástica revelação.
Laurence opta então pela troca de sexo, mas as consequências obviamente não são nada fáceis de suportar. Laurence têm de lidar com o preconceito de amigos, familiares, e principalmente com o conflito que isso causa no seu namoro. O enredo aborda justamente essa questão do amor entre os dois, que não desapareceu mesmo depois da bombástica revelação.
A maneira como Dolan desenvolve os personagens, com extrema
atenção ao detalhes, é talvez o ponto forte da sua direção. Uma das melhores
cenas do longa é quando Laurence conta pela primeira vez para sua namorada sua decisão de mudar
de sexo e ao ouvi-lo dizer que odeia suas características masculinas, ela
responde com os olhos cheios de lágrimas “você odeia tudo aquilo que eu amo em
você”.
Outro ponto interessante é a cena em que Laurence anda pela
primeira vez vestido de mulher pelos corredores do colégio onde dá aulas (antes
de ser demitido por conta disso). A câmera tem o movimento como se fossemos os
olhos de Laurence, enquanto acompanhamos a reação e a cara de desprezo das
pessoas ao redor.
Em nenhum momento, Dolan se preocupa em explicar ao espectador o que está acontecendo. A estória flui sem precisar ser redundante, e as vezes até mesmo sem precisar do uso de palavras. E o fato de Lawrence de referir a Fred em seu livro como AZ (o começo e o fim de tudo) revela não só o significado que a garota tem em sua vida, como também é uma belíssima declaração de amor dele a ela.
Por fim, Lawrence Anyways é uma obra tocante, reflexiva, e bastante complexa, que vale bastante a pena ser assistida, apesar de sua longa duração. As atuações são firmes e a fotografia envolvente. Em poucas palavras, Dolan dessa vez está de parabéns.
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