The Edukators (Hans Weingartner) - 2004
Os primeiros anos do século 21 foram extremamente produtivos para o cinema alemão, e The Edukators (Die Fetten Jahre Sind Vorbei) é um excelente exemplo disso. Junto com Adeus, Lênin (Goodbye, Lênin - 2003), A Vida dos Outros (Das Leben den Anderen - 2006) e A Onda (Die Welle - 2008), ente outros, o cinema alemão contemporâneo ficou conhecido por seu forte idealismo político, em um país que ainda vivia a ressaca da queda do muro de Berlim.
A trama do filme gira em torno de Jan (Daniel Brühl) e Peter (Stipe Erceg), dois jovens que moram juntos e dividem o sonho de mudar o mundo, lutando contra o capitalismo. Os dois formam uma dupla revolucionária que eles denominam de "Edukators", e expressam sua indignação invadindo mansões, trocando os móveis de lugar, e deixando bilhetes de protesto como "seus dias de abundância estão contados", ou coisas do tipo.
Ao mesmo tempo, Jule (Julia Jentsch), namorada de Peter, encara uma forte crise financeira desde que bateu seu carro no Mercedes de um ricaço, o empresário Hardenberg (Burghart Klaußner), e foi condenada a ressarci-lo pelo caríssimo conserto, o que ela considera uma tremenda injustiça. Afinal, ela terá de trabalhar durante sua vida inteira para pagar o prejuízo de 100 mil euros, enquanto que esse valor não faz a mínima diferença para o empresário.
Quando Peter viaja para Barcelona, Jan e Jule se aproximam e o rapaz se comove com o drama da garota. Juntos, resolvem invadir a mansão de Hardenberg para lhe dar uma lição. Porém, os dois acabam tendo problemas depois que Jule esquece seu celular no local, e precisam recorrer à ajuda de Peter para sequestrar o empresário.
É a partir de então, que os jovens começam a perceber que seus ideais, apesar de estarem moralmente corretos, não cabem mais no mundo de hoje. Especialmente depois de descobrirem que o empresário fora um militante como eles na década de 70.
Assim como em outras produções da época, já citadas no começo do texto, o filme foca no hiato em que os jovens se encontravam após o fim do regime comunista na Alemanha. Ao mesmo tempo em que procura uma solução para o capitalismo e as corporações, como as que usam mão-de-obra infantil para fabricar tênis que custam centenas de reais, o diretor se preocupa em mostrar que soluções reais e pacíficas nem sempre acabam dando o resultado desejado. Resumindo, a ideia é de que as mudanças devem acontecer primeiro em nós mesmos para que, depois, possamos mudar algo lá fora.
Não se trata de uma apologia à revolução, muito menos de enfatizar a ideia de que não existem mais ideais. O filme de Hans Weingartner (que também foi um revolucionário em sua juventude) mostra, por meio de um inteligente roteiro, que o melhor a fazer é simplesmente pensarmos nas consequências antes de agir. Assim como não adiantar querer mudar o mundo sentados no sofá pensando em como tudo está errado, da mesma forma não adianta partir para o anarquismo sem propósitos. Uma grande pedida, em uma época que o Brasil vive um período histórico.
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