sábado, 1 de junho de 2013

Crítica: A Bela que Dorme (2012)


A decisão de escolher, em casos extremos, se a pessoa deve ou não continuar vivendo, é um tema que já foi abordado muitas vezes no cinema. Poucas vezes, porém, de forma tão crua e real como em A Bela que Dorme (Bella Addormentata), do italiano Marco Bellocchio.



Em 2009, depois da jovem Eluana Englaro ficar 17 anos desacordada em um coma profundo, seu pai Beppino Englaro conseguiu, após dura batalha judicial, dar fim ao seu sofrimento aplicando o tão polêmico desligamento dos aparelhos. A decisão não foi fácil, e gerou uma série de protestos por toda Itália na época, principalmente por parte da igreja católica.


Bellocchio acompanhou de perto o desenrolar dessa história e resolveu transformá-la em filme. O enredo central mostra o embate judicial que houve sobre esse caso, mas o diretor preferiu não focar apenas nessa história individual, mas sim, mostrar outras histórias paralelas sobre o mesmo tema. E foi aí que ele acertou em cheio.




O longa discute o prolongamento artificial da vida de quem tem poucas probabilidades de voltar a acordar algum dia. Olhando de fora, a decisão parece fácil de ser tomada, mas e se fosse com você? É mais ou menos essa ideia que Bellocchio nos tenta passar, fazendo com que possamos sentir na pele toda dor de quem está do lado de lá.


É fácil identificar a posição do cineasta quanto ao assunto, mas em nenhum momento ele tenta convencer o espectador sobre o que é certo ou errado. O que ele faz é provocar questionamentos sobre o tema, o que é de fato sempre bem vindo.




Com atuações e direção firmes, A Bela que Dorme é muito mais que um filme sobre eutanásia. É um filme sobre relações e sentimentos humanos e o quanto sabemos lidar com cada um. O longa ainda não teve sua estreia no Brasil, programada para junho. Quem tiver interesse no assunto e oportunidade de assistir, vale a pena.



Nenhum comentário:

Postar um comentário