quarta-feira, 26 de junho de 2013

Crítica: A Melhor Oferta (2013)


O consagrado diretor italiano Giuseppe Tornatore retorna em grande estilo ao circuito internacional com A Melhor Oferta (La Migliore Offerta), uma trama sombria, repleta de suspense e mistério, e que se distancia bastante dos seus trabalhos anteriores.


O enredo gira em torno de Virgil Oldman (Geoffrey Rush), um leiloeiro famoso que é bem sucedido na carreira mas extremamente alheio ao resto da humanidade. Frio e pouco receptivo com toda e qualquer pessoa que se aproxima, ele chega inclusive a usar luvas para não manter contato direto com ninguém.

As únicas paixões de Oldman são as obras de arte e os objetos antigos, como móveis, estátuas e relíquias. Mas mais do que isso, nada supera sua paixão por quadros. Graças a um golpe que aplica com a ajuda do amigo Billy (Donald Sutherland), ele consegue manter uma coleção de pinturas antigas de mulheres em um aposento secreto da sua casa, guardado à sete chaves.


Ao ser chamado para avaliar o antiquário de uma casa, Oldman se depara com uma situação bastante incomum. Os donos da casa morrerem há cerca de um ano em um acidente, e a filha de 27 anos Claire Ibetson (Sylvia Hoeks) herdou tudo. Ela porém, sofre de uma doença psicológica que a impede de ter contato com outras pessoas, tendo ataques de pânico violentíssimos apenas com a mera cogitação de uma aproximação.

A relação dos dois se dá aos poucos, através de uma porta. Dadas as devidas diferenças, nota-se que não passam de dois humanos com problemas de relacionamento com outras pessoas, e talvez isso tenha os aproximado mais do que seria previsto. Oldman no começo está preocupado apenas em firmar o contrato de compra da casa e da mobília, mas com o tempo começa a se sentir intrigado com a doença da mulher, e passa a fazer de tudo para tentar um contato mais íntimo.



Se analisarmos o jeito com que o filme foi filmado, não dá para dizer de cara que se trata de um trabalho de Tornatore. Com exceção da trilha sonora sempre marcante de Ennio Moricone, a estética é bem diferente do que constantemente vimos nos seus trabalhos. A começar pelo elenco, com atores americanos, uma grande quebra de paradigma na sua carreira. Obviamente isso não é um defeito, muito pelo contrário.

A trama em si é extremamente cativante, cheia de mistério, nostalgia, e diálogos marcantes, além é claro, da ótima atuação de todo elenco. A Melhor Oferta é sem dúvida um dos melhores filmes feitos esse ano. Com um final surpreendente, é um retrato cruel da solidão humana.


8 comentários:

  1. Gostei do seu comentário. Vou assistir o filme.

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  2. Acabei de assistir minha alma transborda de sentimentos muito recomendado !

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  3. Que maravilha! Sem dúvida, é uma obra primorosa do Tornatore.

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  4. Achei que o diretor se perdeu no final, pois não deixou claro quem foi o verdadeiro vilão.

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  5. Muito bom os cenários são ricos, nostálgicos, enchem os olhos, a história é ótima e o elenco Fantástico! Amei!!!

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  6. Primoroso!
    Intrigante do início ao fim.
    Um filme delicado e ao mesmo tempo arrebatador pela força bruta da realidade disfarçada dentro de cada um de nós, ávidos por sermos amados e reconhecidos.

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  7. Recomendo que procurem ver tudo de Tornatore. Antes e depois de "Cinema Paraíso". O cinema como arte. O cinema como alimento para o espírito Talvez só Jacques Tati me encantou tanto.

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