No começo desse ano, o diretor espanhol Pedro Almodóvar anunciou, para alegria dos fãs, o início das filmagens de seu novo filme, Os Amantes Passageiros (Los Amantes Pasajeros), uma comédia escrachada que prometia voltar às origens da sua carreira. Muito se falou e se especulou sobre a volta do diretor aos cinemas, principalmente depois da aclamação de A Pele Que Habito, lançado em 2011. Porém, toda a expectativa criada sobre seu novo trabalho foi por água a baixo depois da estreia mundial, já que de longe é o pior trabalho da sua extensa carreira.
Na primeira cena do longa, nos deparamos com Penélope Cruz e Antônio Banderas, trabalhando na pista de pouso de um aeroporto, minutos antes de um avião da companhia Península iniciar os trabalhos de decolagem. Infelizmente, os dois aparecem apenas nesses 3 primeiros minutos do filme, numa aparição relâmpago, como uma espécie de homenagem do diretor aos dois atores que já trabalharam inúmeras vezes com ele.
Logo após, o avião parte em direção a Cidade do México. Sua tripulação é um caso a parte, composta quase que inteiramente por gays espalhafatosos, e pelo co-piloto que jura ser hétero, mas que no fim deixa escapar sua inclinação contrária. Após alguns minutos no ar, os tripulantes descobrem que há um problema técnico na aeronave: o trem de pouso está trancado, e isso impossibilita uma aterrissagem normal. Temeroso com o problema, o piloto passa a sobrevoar em círculos enquanto espera a resposta dos aeroportos para que se possa fazer um pouso de emergência.
Aos poucos, numa crise de pânico, os passageiros e os tripulantes passam a conversar entre si, contando sobre suas vidas e revelando fantasias e segredos até então secretos. A excelente oportunidade de criar algo realmente bom em cima disso acaba sendo desperdiçada com histórias fúteis e totalmente superficiais, que em nada acrescentam a quem as assiste. Tudo isso com direito a uma "orgia" na segunda parte do filme, numa das sequências mais eróticas já filmadas por Almodóvar, que acabou ficando tão deslocada quanto todo o restante do enredo.
Os personagens são extremamente caricatos, e assim como o enredo, passam a trama inteira sem rumo. Nem mesmo no início da carreira, lá no longíguo início dos anos 80, Almodóvar fez algo tão sem propósito e despretensioso. O fato é queo diretor errou feio, e chega a ser desconcertante o que ele provoca nos fãs que esperaram seu novo trabalho com ansiosidade, deixando caminho aberto aos críticos, que há tempos vêm dizendo que ele perdeu a mão na hora de criar coisas novas. Seu próximo trabalho terá de ser incrivelmente superior para preencher o enorme vazio criativo que esse filme deixou na sua carreira.
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