domingo, 4 de agosto de 2013

Recomendação de Filme #28

Dogville (Lars Von Trier) - 2003

Dogville é genial. Não consigo achar nenhum outro adjetivo que defina de forma mais sensata essa verdadeira obra-prima do cinema moderno, dirigida pelo dinamarquês Lars Von Trier. Um dos fundadores do movimento conhecido como Dogma 95 (ao lado do também Dinamarquês Thomas Vinterberg), Von Trier já nos havia brindado com excelentes filmes como Dançando no Escuro (que já foi recomendado aqui no blog) e Ondas de Destino, mas Dogville é de fato o melhor filme da sua carreira.



Primeiramente, destaca-se a originalidade na forma como a estória nos é mostrada. Toda a ação se desenvolve em um grande tablado, sem nenhum cenário, apenas riscos no chão demarcando a separação de cada local, e pequenos objetos pelo chão. Além disso, a iluminação utilizada é inteiramente artificial. É difícil de imaginar? Pois mais difícil é entender como tudo isso saiu da cabeça brilhante de Von Trier.

Tido inicialmente como a primeira parte de uma trilogia sobre os Estados Unidos (foi lançado apenas uma sequência até então, chamada Manderlay), o filme tem sua trama ambientada em um pequeno vilarejo de montanhas rochosas, chamado Dogville, localizado no país americano. A ação se passa durante a depressão ocorrida após a queda da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929. 

A jovem Grace (Nicole Kidman) aparece de repente no vilarejo, assustada, fugindo de gângsters. Ela é acolhida e assistida por Tomas Edison Jr. (Paul Bettany), com quem mantém com o tempo uma relação bastante conturbada. Após ser descoberta pelos outros moradores, sua permanência no local acaba sendo motivo de uma votação. Ela é aceita pela maioria, mas com a condição de prestar serviços para os habitantes, que aproveitando-se da situação, passam a escravizá-la.


As atuações são nada menos do que fantásticas, principalmente da atriz Nicole Kidman, que dá um verdadeiro show de interpretação no papel de Grace. Mas não apenas ela, como todo o elenco de apoio estão de parabéns, já que não é fácil atuar magistralmente num filme tão complexo como esse.

Tido como uma das críticas mais ferrenhas contra a  terra do tio Sam, o filme dá margens para diversas interpretações distintas graças a seu roteiro super bem desenvolvido, escrito pelo próprio diretor. Além disso, trata-se de uma análise cruel do comportamento humano e da forma como todos lidam com situações de adversidade, sem contar ainda a sutil crítica à democracia (já que na votação, cada um vota para defender apenas seus interesses pessoais).



Por fim, Lars Von Trier é conhecido por ter mais "haters" do que fãs, mas todos devem se render ao que ele consegue nos trazer nesse filme. O mais legal de tudo é que cada espectador pode imaginar o cenário da forma como preferir, dando asas para o uso deliberado da imaginação. Um casamento perfeito entre a quinta e a sétima arte, Dogville mistura elementos de teatro e cinema de forma nunca antes vista. Por isso mesmo, pode-se considerar um marco. Ou como já dito antes, uma obra-prima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário