quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Crítica: Eduardo e Mônica (2022)


Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração? Lançada em 1986, no segundo álbum de estúdio da banda Legião Urbana, "Eduardo e Mônica" se tornou uma das canções mais icônicas do rock nacional. Trinta e seis anos depois, a música composta por Renato Russo em homenagem a um casal de amigos finalmente ganhou uma versão para as telas, nas mãos competentes do diretor René Sampaio.


A trama acompanha Eduardo (Gabriel Leone), de apenas 16 anos, que se apaixona por Mônica (Alice Braga), uma mulher mais velha do que ele, durante uma festa "estranha e com gente esquisita". Enquanto Eduardo está preocupado com o vestibular, Mônica já tem uma vida profissional bem resolvida trabalhando como médica plantonista em clínicas de Brasília. Apesar das enormes diferenças, não só de idade, mas de cultura e visões de mundo, os dois se conectam de uma forma intensa, juntando a inocência juvenil de Eduardo com a experiência de vida de Mônica.

O fato de já sabermos como se desenrola a história dos dois poderia facilmente atrapalhar a experiência, mas a verdade é que se torna divertido ir percebendo sutilmente no filme as coisas que são descritas na música, como o fato de Mônica fazer meditação, falar alemão e gostar de Bauhaus e Bandeira, enquanto Eduardo está no cursinho, assiste novela e joga futebol de botão com seu avô (Otávio Augusto). A direção tem um trabalho brilhante na criação de subtramas que engrandecem ainda mais a história, como a relação de Mônica com a mãe, os fatos políticos da época e os acontecimentos do passado de Eduardo em relação aos seus pais.


A fotografia é belíssima, e arrisco a dizer que a cena em que o casal está na fachada do Teatro Nacional é uma das mais bonitas que já vi no cinema brasileiro. Sobre as atuações, Gabriel Leone está bem, mas quem rouba a cena de fato é Alice Braga, encantadora como sempre. A trilha me incomodou em alguns momentos por parecer forçada, mas a playlist com músicas dos anos 1980 é muito boa. Claro que não é um filme perfeito, mas seus defeitos ficam pequenos perto dos sentimentos que ele  inflama, e a prova disso é que assisti o tempo inteiro com um sorriso no rosto.
 

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