segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Crítica: Mães Paralelas (2022)


O novo filme do cineasta Pedro Almodóvar acompanha Janiz (Penélope Cruz), uma mulher que trabalha como fotógrafa e acaba se relacionando com o antropólogo Arturo (Israel Elejalde) depois de uma sessão de fotos. Como resultado desta relação, Janiz engravida, e nove meses depois dá à luz no mesmo dia e horário que Ana (Milena Smit), sua colega de quarto na maternidade.


Com muito custo Janiz vai criando a filha pequena sozinha, já que o relacionamento com Arturo não seguiu em frente, mas aos poucos ela vai percebendo traços que a fazem duvidar de que é sua filha de verdade. Querendo tirar a prova, ela decide fazer um teste de DNA, ao mesmo tempo em que Ana ressurge em sua vida e passa uns dias na sua casa ajudando a cuidar da criança. Entre coincidências e surpresas, o melodrama construído por Almodóvar vai ganhando força nessas duas personagens arrebatadoras, e na forma única que cada uma lida com a solidão e com as alegrias e as dores de ser mãe.

Em relação ao roteiro, eu achei o começo um tanto corrido, e também me incomodaram os pulos temporais abruptos durante a narrativa. O filme também fala sobre o passado traumático da Espanha, sobre os mortos e desaparecidos durante a ditadura de Franco, e sobre o quanto é importante lembrarmos do passado para que não se repita esse tipo de atrocidade, mas achei bem precária a forma que o diretor faz a conexão entre os temas particulares das personagens e os temas políticos.

 
De uns anos para cá, Almodóvar tem deixado um pouco de lado o seu estilo mais extravagante e sarcástico para dar lugar a um estilo mais pessoal e intimista, mesmo que algumas características marcantes continuem presente em suas obras, como o visual cheio de colorido e os personagens humanos em seus acertos e erros. Outra coisa que permanece intacta é sua parceria com a atriz Penélope Cruz, a oitava na carreira, que por sinal está incrível no papel principal. Mães Paralelas é, por fim, mais um drama "novelesco" feito por alguém que sabe muito bem trabalhar esse estilo no cinema, mas que dessa vez deixa uma sensação de que faltou algo.
 

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