sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Crítica: Sempre em Frente (2022)


Dirigido por Mike Mills, Sempre em Frente (C'mon C'mon) é um filme sensível e complexo que acompanha a relação de um um tio com seu sobrinho ao mesmo tempo que aborda temas importantes dentro da nossa sociedade, como a preocupação com as gerações futuras e o que ficará de legado para elas.


Na trama, Johnny (Joaquin Phoenix) é um cara solitário que viaja entre várias cidades dos Estados Unidos entrevistando crianças e adolescentes para uma rádio, onde pergunta desde o maior sonho delas até a maneira como elas enxergam o mundo daqui uns anos. É interessante que o filme realmente mostra entrevistas feitas com jovens, fazendo um retrato extremamente realista da juventude nos dias de hoje e dos seus desejos para a construção de um mundo melhor.

Certo dia, a irmã de Johnny precisa se ausentar de casa e ele aceita cuidar por um tempo do sobrinho, o garoto Jesse (Woody Norman), um típico menino de nove anos com energia e disposição de sobra, e inteligência acima da média. Pouco a pouco o filme vai trazendo algumas respostas sobre o porquê da viagem da mãe, o porquê de Johnny ter perdido contato com ela por anos e também o porquê de Johnny ser tão sozinho. Aliás, ele é um personagem com muitas camadas, e nem todas são mostradas ao longo do filme, o que eu achei interessante, já que acaba deixando muita coisa para a subjetividade do espectador. Não é preciso dizer que Joaquin Phoenix está muito bem no papel, mais uma vez mostrando porque é um dos melhores atores da nossa geração, mas quem rouba a cena de fato é o menino Woody Morgan, numa atuação mirim elogiável.


Fico na dúvida se havia mesmo a necessidade da fotografia em preto e branco neste caso, mas também não é algo que atrapalhe, pelo contrário, já que visualmente fica bonito quando temos vistas panorâmicas de cidades como Nova Iorque, Los Angeles e Nova Orleans. Outro artifício usado pela direção e que eu achei bem original, foi creditar na tela os trechos de livros que Johnny lê para Jesse, já que de alguma forma essas histórias combinam com o momento de vida deles. Sensível e emocional, Sempre em Frente é com certeza um dos filmes mais delicados do ano, e vale muito a pena.

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