É incontestável que Paul Thomas Anderson é um dos melhores cineastas da atual geração, mas isso não impede que sua filmografia seja considerada inconstante. Ao mesmo tempo em que tem obras-primas como Boogie Nights e Sangue Negro, tem outras de qualidade bem duvidosa como Vício Inerente e agora o seu mais recente trabalho, Licorice Pizza, que é, para mim, o pior filme da sua carreira até então.
A trama se passa nos anos 1970, no
noroeste de Los Angeles, e acompanha o adolescente Gary (Cooper
Hoffman), que se apaixona por Alana (Alana Haim), uma garota dez anos
mais velha que trabalha como assistente de fotografia e está ajudando
nas fotos do anuário escolar. O começo parece promissor e nos transporta
diretamente para aquela atmosfera setentista, tanto pela paleta de
cores como pelas roupas utilizadas pelos personagens, sem contar a ótima
trilha sonora de Johnny Greenwood. A partir de então passamos a
acompanhar o vai e vem dessa paixonite que se cria entre os dois, apesar
da diferença de idade, enquanto eles cruzam com inúmeras situações
aleatórias e resolvem se juntar nos negócios, primeiro no ramo dos
fliperamas e depois na venda de colchões d'água.
Bom,
primeiramente, não consegui comprar a ideia de um jovem de apenas 15
anos ter tanta facilidade para abrir negócios, mesmo entendendo que o
dinheiro supostamente veio da sua carreira de sucesso como ator mirim,
que também é mal explorada. Alguns personagens também são jogados de uma
hora para outra na história e desaparecem na mesma velocidade. É o caso
de Jerry, interpretado por John Michael Higgins, ou de William,
interpretado por Sean Penn, ambos com participações bem toscas e que não
fazem sentido algum. Tem ainda o personagem de Bradley Cooper, que
tenta ser cômico mas não passa de uma esquete de humor sem graça.
A
montagem do filme também é terrível. Em um momento os personagens estão
em um local, logo depois já estão em um vôo indo para algum lugar, e
tudo isso sem nenhum fio que ligue uma coisa a outra. Usei uma cena
específica como exemplo, mas poderia citar várias outras em que ocorre
essa mudança repentina no roteiro. Aliás, eu poderia
enumerar mais uma série de aleatoriedades que me incomodaram demais,
como um homem misterioso que ronda o escritório de um político para quem
Alana começa a trabalhar, ou a própria protagonista achar normal andar
pela rua de noite usando apenas lingerie. Mas o fato dos personagens
começarem a correr do nada em algumas cenas certamente é o pior de tudo.
E o que falar então daquela cena onde um personagem pede para ver os
seios da outra? Não, Paul Thomas Anderson, não. Para finalizar, esse
arco romântico dos protagonistas, que é segurado até o final, termina de
forma atropelada e abrupta, fechando o filme da maneira mais anticlimax
possível.
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