sábado, 5 de fevereiro de 2022

Crítica: Uma Vida Doida (2022)

 

A evolução de doenças neurodegenerativas na terceira idade é sempre um tema delicado de ser tratado no cinema, justamente por ser algo que está próximo de todos nós. Se não dentro da nossa própria família, temos pelo menos algum conhecido que sofre ou já sofreu com a enfermidade, e isso mais do que nunca torna a identificação imediata, tanto com o paciente quanto com as pessoas em volta. Recentemente tivemos um ótimo exemplo do assunto em Meu Pai, dirigido por Florian Zeller, mas também consigo citar outros bons filmes como O Filho da Noiva e Amour.


Marcando a estreia da dupla Ann Sirot e Raphael Balbino na direção de longas metragens, Uma Vida Doida (Une Vié Dément) apresenta Alex (Jean Le Peltier) e Noémie (Lucie Debay), um casal que está cheio de planos para o futuro, e o principal deles envolve ter um filho. No entanto, eles precisam mudar os rumos quando a mãe de Alex começa a apresentar sintomas graves de demência e não tem mais condições de ficar sozinha em sua própria casa.

Diferente dos outros filmes que citei, que abordam o tema sob a forma de drama, aqui temos boas pitadas de humor, que deixam o filme mais leve, mesmo tratando algo doloroso. Jo Deseure, que interpreta a mãe de Alex, tem uma atuação incrível, e consegue passar com perfeição todo o sentimento de alguém que perde sua capacidade de agir e pensar, mas não perde sua essência.


Além do tema principal, o roteiro também fala sobre relacionamentos, ciclos, e claro, sobre o amor. O amor mãe e filho, o amor de marido e mulher, mas principalmente o amor que vence as dificuldades para se manter de pé, independente das circunstâncias. Minha única ressalva é em relação a edição do filme, que apresenta cortes bem desnecessários das cenas, inclusive no meio de diálogos, o que me incomodou bastante durante a exibição. No mais, é um filme sensível e com uma bela fotografia, que trata o tema com a sutileza que ele merece.

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