Se existe algo que não se pode dizer dos filmes de Guillermo Del Toro é que
eles são tecnicamente precários. Os trabalhos do diretor possuem aspectos
visuais impressionantes, ainda que às vezes a história não funcione
(como é o caso de A Colina Escarlate). Porém, em O
Beco do Pesadelo (Nightmare Alley), Del Toro consegue mais uma vez aliar a
direção de arte impecável com um enredo envolvente, e apresenta um dos
filmes mais instigantes do ano.
O longa é uma nova versão de O
Beco das Almas Perdidas, lançado em 1947, e acompanha Stan Carlisle
(Bradley Cooper), um homem solitário que está fugindo de um passado
misterioso e consegue trabalho no circo comandado por Clem (Willem
Defoe). A primeira hora do filme foca na relação que se cria entre Stan e
os outros membros do circo, principalmente com Pete (David Strathairn) e
Zeena (Toni Collette), um casal de vigaristas que finge ler a mente dos
espectadores em uma das atrações. É com eles que Stan aprende os
truques para ser um bom mentalista, artimanha que passa a usar com ajuda
de Molly (Rooney Mara) depois que os dois vão embora juntos do circo.
Na
segunda metade, Stan e Molly, agora vivendo em Nova York, ganham a vida
fazendo apresentações para a elite da cidade, onde enganam os espectadores dizendo ter contato
mediúnico com seus parentes falecidos. A vigarice chama a atenção da
psiquiatra Lilith (Cate Blanchet), que entra na jogada para se
aproveitar da situação, e é através dela que Stan passa a trabalhar para
o magnata Ezra Grindle (Richard Jenkins), que investe muito dinheiro
para ter contato com sua ex-amada morta e acaba sendo uma pedra no
sapato de Stan.
O trabalho de direção de arte, como falei anteriormente, é realmente impressionante, e ajuda a criar uma atmosfera bastante sombria, que remete bastante aos filmes noir da primeira metade do século 20. A caracterização da época (início da Segunda Guerra Mundial) também é muito bem feita. Sobre as atuações, eu gostei bastante do Bradley Cooper na pele de um charlatão inescrupuloso, e mesmo com uma participação pequena também destaco o Willem Defoe. Com um final arrebatador, O Beco do Pesadelo fala sobre traumas, mas acima de tudo, sobre a ambição cega de querer subir na vida a qualquer custo.
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