É muito comum que em grandes famílias, o vínculo entre os
membros seja mantido através de algum avô ou avó, e quando esse idoso vem a óbito essa relação acaba se transformando. O novo filme da cineasta Maiwenn
fala deste momento de luto familiar, mas também sobre buscarmos nossas
raízes e entendermos um pouco mais de onde viemos.
Na trama, a
própria Maiwenn dá vida a Neige, que visita regularmente seu avô Emir
(Omar Marwan) em um lar de idosos. Quando Emir morre
de causas naturais, toda a família se reúne para discutir sobre o
enterro, desde a madeira do caixão até a forma que será feito o funeral,
e é aí que começam os conflitos entre eles.
Eu achei o roteiro
bem superficial. Entre uma discussão e outra descobrimos que o patriarca
falecido participou da luta da Argélia pela liberdade nos anos 1960,
mas a diretora opta por não explorar este fato, que poderia ser algo bem
interessante. Alguns personagens
foram muito pouco explorados também, principalmente os de Fanny Ardant e Louis
Garrel, dois ótimos atores que são subaproveitados e tem pouco espaço em
tela. O pai de Neige (Alain François) é outro personagem sobre o qual
não se explica nada. Odiado pela família em uma cena, na próxima ele
está sentado com os netos brincando enquanto todos se divertem, como se
ele sempre tivesse sido bem vindo.
Ao mesmo tempo que Neige está discutindo coisas sobre o funeral do avô com a família, ela também está pesquisando sobre suas descendências através de um programa que mapeia o DNA, e de repente o filme passa a focar apenas nisso, deixando o núcleo da família de lado. E quando este assunto começa a ficar interessante, logo Neive se apega a descobrir coisas do passado do pai, e o roteiro se perde novamente. No fim, terminei o filme me perguntando qual era a intenção da direção. Porém, não nego que achei bem vinda a discussão sobre o quanto nosso DNA mostra sobre nossas origens e de que, de alguma forma, somos uma mistura de povos, culturas e etnias. Mas isso é muito pouco pra fazer o filme valer a pena.
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