terça-feira, 26 de outubro de 2021

Crítica: Pegando a Estrada (2021)


O nome de Jafar Panahi tem história no cinema iraniano por sua carreira, por sua trajetória, mas principalmente por sua resistência contra a perseguição do governo, que chegou a prendê-lo por causa de seus filmes. Agora é a vez do seu filho, Panar Panahi, também conquistar seu espaço na sétima arte, e ele já começa muito bem com Pegando a Estrada (Jaddeh Kakhi), um road movie engraçado e ao mesmo tempo bastante sensível.


A maior parte do filme se passa na estrada e acompanha a viagem de carro de uma família. No banco de trás está o pai (Hasan Majuni), com a perna supostamente quebrada e engessada, e quem o faz companhia é o filho mais novo (Rayan Sarlak), que não para quieto um segundo sequer. No banco do carona está a mãe (Pantea Panahiha), enquanto o filho mais velho (Amin Similar) é o motorista, e passa quase a viagem inteira em silêncio.

Não sabemos para onde eles estão indo nem sua motivação, mas aparentemente não parece ser uma viagem de lazer, pelo menos é o que demonstra o semblante preocupado dos pais e do filho mais velho, enquanto que para a criança obviamente tudo parece diversão. Pouco a pouco vamos descobrindo, de forma implícita, o verdadeiro motivo deles estarem na estrada, através de pequenos diálogos e situações que os personagens enfrentam pelo caminho.


O filme tem algumas tiradas inteligentes e boas atuações do elenco, mas quem rouba a cena mesmo é o garoto Rayan Sarlak, um poço de doçura. Uma atuação mirim incrível, que merece todos os elogios possíveis. Do meio para o final o filme ganha traços lúdicos, mas sem perder sua naturalidade. Destaco também a trilha sonora, que é excelente e tem um papel muito importante. Por fim, Pegando a Estrada é mais um exemplar desse cinema apaixonante que é o cinema iraniano, e um início promissor de carreira do diretor.

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