quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Crítica: Yuni (2021)


Escolhido para representar a Indonésia no Oscar 2022 de melhor filme estrangeiro, Yuni chegou ao Brasil esta semana através da 45ª Mostra Internacional de São Paulo. E já digo para vocês: que grata surpresa!


Dirigido por Kamila Andini, o longa acompanha Yuni (Arawinda Kirana), uma jovem que estuda numa escola secundária do interior do país asiático e sonha chegar à universidade. O filme não traz muitos detalhes, mas percebemos que a localidade onde Yuni mora passou a ser comandada por fanáticos da religião muçulmana, que estão tentando implementar regras rígidas e ultrapassadas, principalmente no que diz respeito às mulheres. Uma delas fala sobre um teste absurdo de virgindade que o governo quer fazer nas alunas para saber se elas ainda são "puras" e aptas para o casamento.

O casamento, aliás, é visto como prioridade na vida dessas meninas, até mais do que os estudos. Muitos são arranjados e até mesmo comprados, pois a única forma da mulher ter uma vida digna perante a sociedade é se casando. Focada em estudar, Yuni rejeita quatro casamentos, mas sempre carrega consigo o medo de envergonhar a família e se culpa muito por isso. E é curioso como o filme trabalha essa contradição na cabeça da jovem.


Assim como suas colegas, Yuni está na fase de descobertas da puberdade, e o filme aproveita para também abordar temas como gravidez precoce, violência sexual, submissão ao marido e sobretudo a liberdade sexual da mulher, que nessa realidade é praticamente inexistente. É um filme de muita poesia, literalmente. O uso das cores também tem papel importante, principalmente o roxo pelo qual a personagem principal é obcecada.


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