Escolhido
para representar a Indonésia no Oscar 2022 de melhor filme estrangeiro,
Yuni chegou ao Brasil esta semana através da 45ª Mostra Internacional
de São Paulo. E já digo para vocês: que grata surpresa!
Dirigido por Kamila Andini, o
longa acompanha Yuni (Arawinda Kirana), uma jovem que estuda numa
escola secundária do interior do país asiático e sonha chegar à universidade. O
filme não traz muitos detalhes, mas percebemos que a localidade onde
Yuni mora passou a ser comandada por fanáticos da religião muçulmana, que estão
tentando implementar regras rígidas e ultrapassadas, principalmente no
que diz respeito às mulheres. Uma delas fala sobre um teste absurdo de
virgindade que o governo quer fazer nas alunas para saber se elas ainda
são "puras" e aptas para o casamento.
O casamento, aliás, é visto
como prioridade na vida dessas meninas, até mais do que os estudos.
Muitos são arranjados e até mesmo comprados, pois a única forma da
mulher ter uma vida digna perante a sociedade é se casando. Focada em
estudar, Yuni rejeita quatro casamentos, mas sempre carrega consigo o
medo de envergonhar a família e se culpa muito por isso. E é curioso
como o filme trabalha essa contradição na cabeça da jovem.
Assim como suas colegas, Yuni está na fase de descobertas da puberdade, e o filme aproveita para também abordar temas como gravidez precoce, violência sexual, submissão ao marido e sobretudo a liberdade sexual da mulher, que nessa realidade é praticamente inexistente. É um filme de muita poesia, literalmente. O uso das cores também tem papel importante, principalmente o roxo pelo qual a personagem principal é obcecada.
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