O transtorno bipolar é um distúrbio mental complexo e
bastante comum, com mais de 2 milhões de casos diagnosticados anualmente
só no Brasil. Além da mudança drástica de humor, o bipolar ainda tem
algumas características típicas quando está na chamada "fase
depressiva", como pouco ou nenhum controle do temperamento, o humor
irritadiço, e os pensamentos precipitados e depreciativos. Viver com
isso não é fácil, e o novo filme de Joachim Lafosse propõe mostrar como é
lidar com essa doença, e principalmente o quanto ela afeta a vida e as
relações pessoais do portador.
O roteiro acompanha Damien (Damien
Bonnard) e Leila (Leila Bekhti), um casal apaixonado que tem um filho
pequeno. Assim como já havia feito no espetacular Perder à Razão (2012),
Lafosse explora aqui mais uma vez o dia a dia de um casal vivendo sob
pressão, e neste caso a pressão é a bipolaridade de Damien, que toma um
forte remédio diariamente para tentar manter uma certa estabilidade. Os
problemas começam quando Damien passa a não querer tomar o remédio, e a
ter crises terríveis de comportamento por conta disso. É curioso
perceber que todas as vezes que Damien está medicado ele parece distante
da mulher e dos filhos, num estado quase apático, enquanto que sem a
medicação ele parece eufórico, e esse talvez seja o motivo dele
simplesmente não querer tomar mais os comprimidos.
O filme mostra
bem como um transtorno mental afeta não somente o doente mas sobretudo
as pessoas que convivem com ele. Leila é uma pessoa que vive
praticamente às voltas de cuidar do marido, não tendo tempo para
realizar outras atividades, principalmente de lazer. Ela traz um
semblante cansado, de alguém que faz o que faz por amor, mas não aguenta
mais viver numa montanha russa de sentimentos. Aliás, um ótimo trabalho da
atriz Leila Bekhti.
Minha única ressalva é em relação ao final
do filme, que achei que poderia ter sido melhor trabalhado. Porém, acho
importante termos histórias que abordem distúrbios como a bipolaridade,
visto que ainda existe um grande preconceito e desconhecimento por parte
da população. Este é um transtorno que não tem cura, mas tem
tratamento, e é possível viver uma vida normal desde que seja levado a sério e com responsabilidade.
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