sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Crítica: Má Sorte no Sexo ou Pornô Amador (2021)

 

Vencedor do prêmio principal no Festival de Berlim, Má Sorte no Sexo ou Pornô Amador (Bad Luck Banging or Loony Porn), do romeno Radu Jude, é com certeza um dos filmes mais inusitados e corajosos do ano.

 


O longa já inicia com um vídeo sexual, totalmente explícito, de Emi (Katia Pascariu) com seu marido em um quarto de hotel. Não se trata de uma cena de sexo como estamos acostumados a ver em filmes, mas é de fato um vídeo amador com duas pessoas agindo da forma mais natural possível, com trapalhadas, risadas e a câmera do celular tremida. Após o choque inicial (pois sim, é algo inesperado de ver no cinema) começamos a acompanhar mais da vida da protagonista, que é professora em uma escola secundária e vive uma rotina apressada. Quando o vídeo íntimo vaza na internet, a vida de Emi vira do avesso, já que os pais das crianças do colégio se mostram indignadas, e uma reunião é marcada para que se decida o que fazer a respeito do caso. Um ponto interessante do filme é que ele se passa durante a pandemia de Corona Vírus, mas não é mencionado o fato justamente para isso não ser o mote central da trama, e percebemos isso apenas pelo uso de máscaras, álcool gel, e pequenos diálogos que remetem ao que vivemos hoje.

Na segunda parte do longa temos uma introdução narrativa diferente de tudo que eu já havia visto, onde o diretor apresenta uma série de imagens aleatórias em forma de esquetes, como se fosse um glossário, usando termos ácidos para criticar o estilo de vida da população romena atual, que vai desde o conservadorismo em relação a sexo até questões políticas como ideias de extrema direita e fascismo. As críticas sobram para todos os lados, mas principalmente para os negacionistas e os falsos moralistas, e é curioso como a direção faz isso com muito bom humor.


Já na terceira e última parte o filme volta para a história de Emi, mostrando os pais e professores reunidos para o "julgamento" do vídeo onde o mesmo é exibido para todos, até mesmo para quem não tinha visto, numa exposição totalmente injustificável E temos aqui mais um momento onde hipocrisias são desmascaradas e o pior lado do ser humano vem a tona, com personagens que remetem a esquetes de humor mas que não são nada mais do que reflexo da nossa sociedade.


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