domingo, 24 de outubro de 2021

Crítica: Pedregulhos (2021)

Uma das regiões mais pobres e isoladas da Índia, localizada no extremo sul do país, serve de cenário para Pedregulhos (Koozhangal), filme de estreia do diretor P. S. Vinothraj que está em exibição na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

 

Na trama, acompanhamos um pai alcoólatra que busca seu filho na escola e parte com ele até um vilarejo vizinho onde sua esposa, que o abandonou por causa de seu comportamento agressivo, está vivendo com a família. Durante o trajeto, ao redor dos dois, vamos acompanhando cenas cotidianas da pobreza na região e da luta pela sobrevivência de um povo que precisa até mesmo caçar ratos para ter o que comer. São cenas bem dolorosas, de uma realidade que parece muito distante de nós mas que na verdade não é, basta vermos o noticiário todos os dias.

Em diversos momentos, o diretor opta por planos abertos, filmados de longe, que ajudam a evidenciar a distância entre os personagens e até mesmo a pequenez deles em meio ao cenário desértico. O filme também tem longas sequências de caminhadas, a maioria delas filmadas em planos sequências, e é como se tivéssemos junto com eles nesta jornada cansativa debaixo de um sol escaldante. Infelizmente em um certo momento isso torna o filme um pouco cansativo e repetitivo.

Mesmo diante da realidade cruel e incerta, o menino consegue encontrar leveza num ursinho pequeno de pelúcia e num cãozinho de rua, evidenciando que ali tem uma criança que só quer ter o direito de ser criança. Em uma cena em que o pai briga de socos com o cunhado, a câmera foca na reação do pequeno, fazendo a gente imaginar a mistura de sentimentos que estão ocorrendo dentro dele.


Um fato curioso é que o filme não mostra em momento algum a personagem que os dois procuram, a mãe do menino. Sabemos de sua existência, conhecemos seu irmão e sua mãe, mas não a vemos de fato. Não entendi exatamente o porque da personagem ficar apenas no imaginário, mas acho interessante mostrar que nos dias atuais, até mesmo em vilarejos isolados como esse, as mulheres não estão mais aceitando relações abusivas e não se calam diante de agressões.


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