sábado, 7 de dezembro de 2013

Crítica: A Garota das Nove Perucas (2013)


É complicado falar sobre um filme que te marca e te faz enxergar o mundo com outros olhos. Parece que qualquer coisa que você escreva não será suficiente para mostrar ao mundo o quão brilhante é a obra referida. E com A Garota das Nove Perucas (Heute Bin Ich Blond) eu estou sentindo exatamente isso.



Baseado em uma história real, começamos acompanhando a vida da jovem Sophie Ritter (Lisa Tomaschewsky), que com 21 anos acaba de comemorar o ano novo junto de sua melhor amiga, Annabel (Karoline Teska), com quem planeja um ano cheio de festas. No entanto, após sentir uma tosse estranha e ir ao médico, ela acaba sendo diagnosticada com um câncer raro e agressivo na região dos pulmões.

A notícia, dada de forma direta e sem rodeios pelo médico, acaba chocando Sophie e todos que a cercam, como era de se esperar. Num primeiro momento só há lugar para o desespero, sobretudo porque sua mãe havia passado por isso até pouco tempo atrás. Além disso, as estatísticas mostram uma percentagem pequena de sobreviventes com esse tipo de doença, o que torna ainda mais difícil a aceitação.


O tratamento da menina tem início rapidamente, e por conta disso, ela passa a ter de se privar de tudo que tinha antes, além de ter que lidar com todas as complicações decorrentes da quimioterapia e da radioterapia. A relação que ela tem com o seu médico, e principalmente com o enfermeiro, são extremamente tocantes. Mas mais tocante ainda é a amizade que ela cria dentro do hospital com uma mulher que passa pelos mesmos problemas que os seus.

Há sempre que se ter cuidado na hora de abordar enfermidades no cinema, sobretudo para que não se criem filmes melodramáticos e cheios de clichês. Por isso, há de se elogiar o trabalho do diretor Marc Rothemund. Ele nos traz um tema pesadíssimo mas com uma leveza única, dada principalmente pela forma com que a história é contada, quase como uma fábula moderna.


Com um pequeno avanço na recuperação, ela decide simplesmente viver a vida, na forma mais verdadeira da expressão. Com uma coleção de perucas, compradas para esconder a falta de cabelos decorrente do tratamento, ela acaba usando uma por dia, criando  assim diferentes personalidades conforme a cor de cada uma. 

A primeira coisa que se nota é que a peruca ruiva é usada sempre quando ela tem de enfrentar um dia longo de terapias, tornando-se a sua personalidade forte. A peruca morena é a que ela usa para se sentir sexy, enquanto a loira ela usa para ir em festas e sair pelos bares da cidade.


Lisa Tomaschewsky dá um show de interpretação, digno de se tirar o chapéu. Seu olhar penetrante só ajuda a criar uma empatia ainda maior com o público, e as mudanças entre suas mini-personalidades são feitas com primor. Conseguimos sentir de forma verdadeira tudo que passa na cabeça de uma jovem que tem de se dividir entre os sonhos para o futuro e o medo de não saber se estará viva para cumpri-los.

De forma geral, o filme é bastante otimista em relação a luta contra o câncer. O drama é dosado de forma primorosa com boas pitadas de comédia, que deixam o filme com um clima extremamente leve. Sem dúvida alguma trata-se de um dos melhores filmes de 2013, e merece um reconhecimento bem maior do que obteve até então.

Um comentário:

  1. Vi hoje, filme lindo, e que demonstra acima de tudo, que enfrentar com força é o grande segredo. Família e amigos.

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