sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Crítica: Doutor Gama (2021)


O jornalista e poeta Luís Gama (1830-1882) foi um dos nomes mais importantes na luta contra a escravidão no Brasil, sendo considerado inclusive o Patrono da abolição. Doutor Gama, filme dirigido por Jeferson Dê, se propõe a mostrar um pouco da vida dessa figura ilustre da nossa história, mas infelizmente se perde em um roteiro bastante superficial e cheio de falhas.


A trama começa em 1840, quando Luís ainda era um menino e vivia com sua mãe, uma escrava liberta, em Salvador. Quando a mãe viaja (na vida real ela viajou para participar de uma revolta, mas o filme não faz questão de explicar o motivo), ele acaba sendo levado à força para o Rio de Janeiro onde é vendido como escravo, mesmo a lei da época não permitindo a venda de quem nascia livre (outro fato que o filme também não esclarece).

Sete anos depois, Luís (César Mello) está vivendo como escravo na cidade de São Paulo, onde conhece Antônio (Johnny Massaro), um jovem que está estudando Direito e que o ensina a ler e escrever enquanto passa seus dias na casa dos "donos" de Luis. Os anos passam novamente, e Luís já é um adulto que ganha a vida como parceiro de Antônio, atuando em casos judiciais de escravos. A montagem do filme é terrível e me incomodou bastante, assim como seus saltos temporais e a falta de contextualização. Nada na vida de Luís tem aprofundamento, e é tudo jogado de forma superficial. Os minutos finais talvez sejam os únicos momentos em que o filme mostra algo concreto, com a cena do julgamento de um escravo que matou seu senhorio, e que está sendo defendido por Luis.


Eu já não havia gostado da obra anterior do diretor, M8 - Quando a Morte socorre a Vida, por também achar o roteiro e os diálogos superficiais e a montagem ruim, e aqui ele repete os mesmos erros. É uma pena que um personagem como Luis Gama tenha sido levado às telas com tamanha displicência e amadorismo, mas espero que pelo menos a menção a seu nome faça as pessoas pesquisarem mais para saberem quem ele foi e principalmente o tamanho da sua importância, já que aqui ficou bem abaixo do que ele merecia.

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