sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Crítica: Uma História de Família (2021)


O alemão Werner Herzog, responsável por obras clássicas do cinema nos anos 1970 e 1980 como Aguirre - A Cólera dos Deuses, Fitzcarraldo, Nosferatu - O Vampiro da Noite e O Enigma de Kaspar Hauser, segue na ativa atrás das câmeras no alto dos seus 79 anos de idade e nos traz um drama bastante intimista, que é o oposto da grandiosidade estética que nos acostumamos a ver na maioria de suas obras.


Uma História de Família se passa no Japão dos anos atuais e acompanha o dia a dia da empresa Family Romance LLC, que aluga seus funcionários para serem usados como substitutos em ocasiões específicas. Nesse ínterim temos uma mãe que contrata alguém para se passar pelo pai ausente da filha, uma mulher que contrata um "pai" para entrar com ela no casamento já que o seu pai verdadeiro é alcoólatra e não poderá comparecer à cerimônia, ou até mesmo um homem que pede para que se passem por ele na hora de receber uma bronca por um erro no trabalho.

Na trama não são apenas os "homens de aluguel" que são falsos, mas acompanhamos uma série de situações em que o diretor mostra como a vida humana anda cada vez mais superficial. Até os peixes do aquário de um hotel são falsos, bem como seu recepcionista, que é um robô. Seria uma crítica ao mundo cada vez mais "robotizado" e desprovido de sentimentos? Tudo
até parece uma distopia criada por Herzog, mas realmente existe uma empresa chamada Family Romance no Japão, com mais de 2 mil funcionários que são alugados para diversas ocasiões, onde se passam por namorados, amigos ou familiares de quem os contrata. O enredo, inclusive, é baseado em histórias reais vividas na pele por esses funcionários alugados.


A narrativa do filme é extremamente lenta e tem um ar documental, principalmente nos movimentos de câmera. É tudo muito simples, tudo muito íntimo, e talvez por isso canse em um determinado momento, já que o filme dá uma sensação de não sair do lugar. Ainda assim, é uma estória instigante, que nos faz pensar no quanto o ser humano anda carente de afeto ao ponto de precisar pagar alguém para ajudá-lo a encarar a solidão do dia a dia, ou simplesmente ter um apoio em algo que pretende fazer.

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