quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Crítica: Veneza (2021)


Com dois prêmios conquistados no Festival de Gramado de 2021, Veneza mostra um lado sensível e profundo do diretor Miguel Falabella, que o pessoal do teatro já conhece, mas que é bem diferente das produções dele que estamos acostumados a ver na televisão e que se tornaram grandes sucessos de audiência.


O roteiro, baseado em uma peça de teatro argentina, conta a história de Gringa (Carmen Maura), que viveu um grande amor no passado e hoje, já idosa e cega, comanda um bordel em algum lugar não identificado do Brasil. Seu grande sonho é conhecer a cidade italiana de Veneza antes de morrer, e aos poucos o filme vai mostrando que esse desejo não se trata apenas de uma simples vontade de conhecer o lugar, mas sim, de resgatar algo do seu passado que tem a ver com aquela cidade. Como ninguém tem condições para ajudar na viagem, as meninas do Bordel decidem pedir auxílio ao dono de um circo que está na cidade, que é um grande amante do teatro e faz apresentações de peças que ele mesmo cria. O plano é recriar Veneza, para que de alguma forma Gringa possa viver esse seu sonho.


Primeiramente, a presença de Carmen Maura por si só já vale o ingresso. A atriz espanhola, que ficou conhecida nos anos 1980 em filmes de Pedro Almodóvar, é a grande estrela do filme e realmente está muito bem no papel, mesmo com poucas falas. Destaco também a atuação da Carol Castro e do Eduardo Moscovis, e o elenco ainda conta com nomes conhecidos como Dira Paes e Danielle Winitz.


O final é quase uma fábula, e eu fiquei encantado com a visão que o diretor apresenta e maneira que ele conduz esta parte. Com ótimos diálogos, Veneza fala sobre memória e passado com muita sensibilidade, e o conjunto da obra me surpreendeu bastante, sendo, talvez, meu filme nacional preferido de 2021.

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