sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Crítica: A Crônica Francesa (2021)


Wes Anderson é um dos diretores que mais causa discussões entre os cinéfilos do mundo todo. Enquanto alguns amam seu estilo requintado, outros o acham exagerado e pedante, porém uma coisa é certa a se dizer: não tem como ficar indiferente diante da sua maneira peculiar de contar uma simples história.


A trama de A Crônica Francesa começa mostrando o dia a dia na redação de The French Dispatch, uma revista que se torna famosa no Kansas ao postar pequenas crônicas jornalísticas. Quando seu chefe Arthur Howitzer (Bill Murray) vem a falecer, a revista fecha definitivamente as portas, mas antes precisa publicar uma última edição, onde irão constar três crônicas que já haviam sido publicadas anteriormente. E são essas três histórias que compõem o enredo do filme.

A primeira delas é narrada por Berensen (Tilda Swinton) e acompanha Moses Rosenthal (Benício del Toro), um assassino que faz belas obras de arte dentro do hospício onde vive na cidade fictícia de Ennui, na França. Essa para mim é a melhor das histórias, e conta ainda com uma ótima participação de Lea Seydoux e Adrien Brody. O segundo conto é sobre um estudante (Timothée Chalamet) que está na linha de frente da luta estudantil e escreve um manifesto. Quem cobre a vida do jovem e de seus colegas militantes é a jornalista Lucinda Krementz (Frances McDormand), que inclusive intervém na criação do tal manifesto. O terceiro e último artigo é narrado por um chef de cozinha (Jeffrey Wright), e traz uma trama de suspense envolvendo sequestro, perseguições e culinária, e traz também os ótimos Edward Norton e Mathieu Amalric.


Não é preciso nem dizer que esteticamente o filme é uma obra prima. A simetria, os enquadramentos, os cenários, o jogo de cores (que une brilhantemente o colorido com o P&B), é tudo feito de maneira sublime. Até mesmo na parte em que o diretor utiliza animação o filme funciona muito bem visualmente, e é um deleite aos olhos de quem vê. Gostei também de alguns diálogos sarcásticos e engraçados, e da trilha sonora composta pelo sempre excelente Alexandre Desplat.

Em relação ao elenco, achei que o filme não soube aproveitar bem os nomes de peso que apresenta na ficha técnica. Del Toro, Chalamet e McDormand estão ótimos, mas o restante parece ter sido deixado de lado, inclusive com aparições relâmpagos e sem nenhum tipo de propósito, como é o caso de Christopher Waltz, Saoirse Ronan, Willem Dafoe e Elizabeth Moss. Senti também que o roteiro joga muitas informações pro espectador acompanhar em muito pouco tempo, tornando a narrativa um pouco cansativa de acompanhar em determinados momentos. A Crônica Francesa é Wes Anderson mais criativo e inventivo do que nunca, e mesmo que o filme tenha os seus defeitos, hoje em dia, em um cinema que anda cada vez mais plástico e repetitivo, é algo a se elogiar.

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