terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Crítica: Lamb (2021)


Selecionado pela Islândia para representar o país no próximo Oscar, Lamb é sem dúvidas o filme mais "bizarro" que eu assisti até então em 2021, o que não significa que seja ruim. Com distribuição da A24, que tem a fama de lançar filmes fora dos padrões, o longa marca a estreia do diretor Valdimar Jóhannsson e tem como ideia principal abordar o luto, mesmo que de forma tragicômica.


María (Noomi Rapace) e Ingvar (Hilmir Snaer Gudnason) vivem isolados no campo e passam seus dias entre cuidar dos animais da fazenda e da colheita. É um casal reservado e de poucas palavras, e podemos entender, através de um pequeno diálogo sobre voltar no tempo, que algo de ruim aconteceu com eles há um tempo atrás. Porém de início não temos a informação do que foi, ficando apenas subentendido que eles teriam perdido uma criança.

Quando uma ovelha dá à luz a um filhote "diferente", o casal decide pegar o animal e cuidar dele como se fosse um filho. O enredo demora um pouco a mostrar o que existe nesta criatura que faz o casal se apegar tanto a ela, e quando faz, é algo extremamente inesperado e chocante. É um filme que tem uma aura muito desconfortável, como se algo fosse acontecer de ruim a qualquer momento, porém tem um toque de humor que eu não entendi muito bem se foi intencional ou não, mas que me fez dar boas risadas mesmo sabendo se tratar de uma história triste (e essa dualidade é o que fez o filme ser tão marcante para mim).

 

Entre muitas metáforas, o filme traz uma crítica de como o homem acha que pode controlar a natureza, quando na verdade somos parte dela e não seres superiores. O final é impactante, e afirma ainda mais essa ideia de que a natureza um dia cobra a "dívida". Mas não vou entrar no mérito dos simbolismos presentes, porque acho que o filme funciona mesmo sem entender alguns deles. O ritmo é extremamente lento, ganhando força apenas no último ato, e isso pode afastar o espectador. Outro ponto negativo foi a introdução de Pétur, irmão de Ingvar, que na minha visão foi um personagem bastante descartável na trama. Lamb, por fim, é o tipo de filme que divide muito as opiniões, mas certamente é um filme que você não esquece tão cedo depois de assisti-lo.

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