domingo, 26 de dezembro de 2021

Crítica: O Homem Ideal (2021)


Representante da Alemanha no Oscar 2022 de melhor filme internacional, O Homem Ideal (Ich Bin Dein Mensch) bebe da mesma fonte de Ela, lançado em 2013 e dirigido por Spike Jonze, que também aborda a relação de seres humanos com a inteligência artificial. Se na realidade criada em Ela os personagens podiam se relacionar com um sistema operacional dentro de um aparelho, no filme da diretora Maria Schrader esse sistema ganha o corpo de um robô humanoide. A tecnologia, que ainda está em fase de testes, promete criar o par perfeito para quem estiver se sentindo solitário, com base no escaneamento dos gostos da pessoa contratante do serviço.


Alma (Maren Eggert) é uma antropóloga que aceita o desafio de testar por 3 semanas essa tecnologia, para depois fazer um relatório sobre suas impressões. Apesar de não estar muito afim de realizar a experiência, ela acaba recebendo em sua casa o humanoide Tom (Dan Stevens), que passa a conviver com ela diariamente. Programado para fazer só o que Alma gosta, Tom vai se moldando pouco a pouco às preferências dela, tentando ser o mais perfeito possível em todos os aspectos para deixar Alma feliz ao seu lado.

É impossível termos 100% de compatibilidade com alguém, sobretudo em um relacionamento, e o filme faz uma crítica a todos que de alguma forma tentam se moldar para agradar o outro, perdendo sua própria essência. O fato de Alma se irritar com a "perfeição" de Tom também mostra como seria entediante uma relação sem rusgas e discussões, já que são justamente as diferenças que fazem a gente se encontrar no outro.


O filme se aprofunda em questões muito humanas, como solidão, perdas, e claro, o amor. A questão do pai de Alma estar vivendo uma espécie de demência também é algo bem trabalhado, assim como a sua pesquisa no trabalho, onde ela está estudando como os antepassados manifestavam seu amor através da escrita em pedras. Gostei muito das atuações e dos diálogos, e mesmo com toda a atmosfera filosófica, o filme tem um tom de humor que faz ele ser leve e bem acessível a todos os gostos.

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