quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Crítica: O Último Duelo (2021)


Baseado no livro homônimo de Eric Jager, O Último Duelo (The Last Duel), novo filme do veterano Ridley Scott, conta a história por trás do último duelo judicial ocorrido na França, durante o reinado de Carlos VI. O duelo judicial era a forma utilizada na idade média para resolver conflitos em que a côrte não conseguia definir quem era culpado e inocente, e essa decisão era então designada para a "providência divina" responder, em uma batalha sangrenta entre as partes até a morte.


Os envolvidos no derradeiro duelo eram Jacques LeGris (Adam Driver) e Jean de Carrouge (Matt Damon), dois ex-amigos que por uma série de motivos foram criando inimizade com o passar do tempo, até que o ódio entre os dois chega no ápice quando a esposa de Jean, Margueritte (Jodie Comer), acusa Jacques de a ter estuprado.

O roteiro se baseia em fatos que constam nos arquivos da época, e mostra três versões diferentes da relação entre os dois homens e posteriormente do fato denunciado por Margueritte. A primeira versão é a de Jean, a segunda de Jacques e a terceira, e tida como verdadeira pelos historiadores (e o diretor não se exime de deixar isso claro), é a de Margueritte. A montagem do roteiro é ótima e consegue evitar que as três histórias, mesmo contando basicamente a mesma coisa, se tornem repetitivas.


Gostei muito da reprodução da época, tanto nos cenários como nos costumes da população. O filme também tem ótimas cenas de batalhas e duelos, que mostram com muita veracidade como aquele era um período de extremos e de muita violência. Adam Driver e Matt Damon estão muito bem nos papéis, mas quem me surpreendeu mesmo foi Jodie Comer, que eu não conhecia e está incrível no papel de Margueritte.

Denunciar uma situação de estupro no século 21 já é algo complicado, onde muitas vezes a vítima acaba sendo desacreditada, agora imaginem no século 14, onde, em primeiro lugar, estupro não era nem considerado um crime contra a mulher, mas sim, um crime contra o "patrimônio" do marido. E justamente por isso, Margueritte é para mim a grande protagonista dessa história, por ter tido a coragem de bater de frente com essa realidade e tentar mudar alguma coisa.

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