Baseado no livro homônimo de Eric Jager, O Último Duelo (The Last Duel), novo filme do veterano Ridley Scott, conta a história por trás do último duelo judicial ocorrido na França, durante o reinado de Carlos VI. O duelo judicial era a forma utilizada na idade média para resolver conflitos em que a côrte não conseguia definir quem era culpado e inocente, e essa decisão era então designada para a "providência divina" responder, em uma batalha sangrenta entre as partes até a morte.
Os envolvidos no
derradeiro duelo eram Jacques LeGris (Adam Driver) e Jean de Carrouge
(Matt Damon), dois ex-amigos que por uma série de motivos foram criando
inimizade com o passar do tempo, até que o ódio entre os dois chega no
ápice quando a esposa de Jean, Margueritte (Jodie Comer), acusa Jacques
de a ter estuprado.
O roteiro se baseia em fatos que constam nos
arquivos da época, e mostra três versões diferentes da relação entre os
dois homens e posteriormente do fato denunciado por Margueritte. A
primeira versão é a de Jean, a segunda de Jacques e a terceira, e tida
como verdadeira pelos historiadores (e o diretor não se exime de deixar
isso claro), é a de Margueritte. A montagem do roteiro é ótima e
consegue evitar que as três histórias, mesmo contando basicamente a
mesma coisa, se tornem repetitivas.
Denunciar uma situação de estupro no século 21 já é algo complicado, onde muitas vezes a vítima acaba sendo desacreditada, agora imaginem no século 14, onde, em primeiro lugar, estupro não era nem considerado um crime contra a mulher, mas sim, um crime contra o "patrimônio" do marido. E justamente por isso, Margueritte é para mim a grande protagonista dessa história, por ter tido a coragem de bater de frente com essa realidade e tentar mudar alguma coisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário