quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Crítica: Belfast (2022)


Presente constante nas premiações neste início de 2022, Belfast é um filme autobiográfico dirigido por Kenneth Branagh, que nos apresenta um pouco do que foi a sua infância na capital da Irlanda do Norte no fim dos anos 1960, um período conturbado na história do país.


Em 1969, a estreita Mountcollyer Street, localizada numa área residencial de Belfast, vive dias de terror quando eclode no país o conflito entre católicos e protestantes. Os dois "lados" conviviam pacificamente na rua há décadas, incluindo a família do menino Buddy (Jude Hill), que é formada por protestantes e oriunda da classe trabalhadora. Porém, a divisão em todo o país acaba refletindo também na pequena vizinhança, e muda para sempre esta relação. O filme mostra toda essa confusão pelos olhos de Buddy, que tenta ser um aluno aplicado na escola e um ótimo filho e neto, enquanto está numa fase de descoberta do amor, tanto por uma menina de sua classe quanto pelo cinema. O roteiro aborda, sobretudo, a questão da migração, já que a família do menino começa a cogitar sair do país quando os conflitos começam a tornar a vida deles perigosa.

Por ter essa visão infantil do tema, o diretor se exime de abordar a fundo as questões políticas e sociais que levaram ao momento de crise, e isso é um ponto bastante divisível entre os espectadores. Eu particularmente gostei dessa abordagem, que me lembrou de certa forma a maneira como o Taika Waititi abordou o nazismo de Hitler em Jojo Rabbit, com bom humor e leveza. A Fotografia em preto e branco tem pequenas inclusões de cores, sobretudo quando os personagens estão tendo contato com a arte, seja teatro ou cinema, e eu também gostei desse artifício.


Belfast tem um ótimo elenco composto por Judi Dench, Ciarán Hinds, Caitriona Balfe e Jamie Dornan, mas quem de fato carrega o filme nas costas é o garotinho Jude Hill, que tem uma das melhores atuações mirins que vi nos últimos anos. Por fim, mesmo com o tema denso, é um longa que acaba sendo divertido para se assistir despretensiosamente, e as vezes é apenas isso que a gente precisa.

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