Presente
constante nas premiações neste início de 2022, Belfast é um filme
autobiográfico dirigido por Kenneth Branagh, que nos apresenta um pouco
do que foi a sua infância na capital da Irlanda do Norte no fim dos anos
1960, um período conturbado na história do país.
Em 1969, a estreita Mountcollyer Street, localizada numa
área residencial de Belfast, vive dias de terror quando eclode no país o
conflito entre católicos e protestantes. Os dois "lados" conviviam
pacificamente na rua há décadas, incluindo a família do menino Buddy
(Jude Hill), que é formada por protestantes e oriunda da classe
trabalhadora. Porém, a divisão em todo o país acaba refletindo também na
pequena vizinhança, e muda para sempre esta relação. O filme
mostra toda essa confusão pelos olhos de Buddy, que tenta ser um aluno
aplicado na escola e um ótimo filho e neto, enquanto está numa fase de
descoberta do amor, tanto por uma menina de sua classe quanto pelo
cinema. O roteiro aborda, sobretudo, a questão da migração, já que a
família do menino começa a cogitar sair do país quando os conflitos
começam a tornar a vida deles perigosa.
Por ter essa visão
infantil do tema, o diretor se exime de abordar a fundo as questões
políticas e sociais que levaram ao momento de crise, e isso é um ponto
bastante divisível entre os espectadores. Eu particularmente gostei
dessa abordagem, que me lembrou de certa forma a maneira como o Taika
Waititi abordou o nazismo de Hitler em Jojo Rabbit, com bom humor e
leveza. A Fotografia em preto e branco tem pequenas inclusões de cores,
sobretudo quando os personagens estão tendo contato com a arte, seja
teatro ou cinema, e eu também gostei desse artifício.
Belfast tem um ótimo elenco composto por Judi Dench, Ciarán Hinds, Caitriona Balfe e Jamie Dornan, mas quem de fato carrega o filme nas costas é o garotinho Jude Hill, que tem uma das melhores atuações mirins que vi nos últimos anos. Por fim, mesmo com o tema denso, é um longa que acaba sendo divertido para se assistir despretensiosamente, e as vezes é apenas isso que a gente precisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário