A
vida é feita de encontros e desencontros, assim como também é cheia de
surpresas, tanto positivas como negativas. Embarque (À L'abordage),
comédia dirigida por Guillaume Brac, aborda essa imprevisibilidade do
destino acompanhando dois amigos que decidem em cima da hora fazer uma
viagem, onde tudo acontece fora do esperado.
Felix (Eric
Nantchouang) está apaixonado por Alma (Asma Messaoudene), com quem
passou uma noite junto. Querendo fazer uma surpresa para ela, ele
arrasta o amigo Chérif (Salif Cissé) junto com ele para passar uns dias
numa pousada de verão do interior, perto do local onde a garota mora com
os pais. Junto com eles está indo Edouard (Edouard Soupice), que estava
indo para a mesma região e ofereceu carona num aplicativo. Em um
primeiro momento é interessante acompanhar essa inesperada amizade se
criando entre os dois amigos e Edouard, que é totalmente o oposto deles,
e isso resulta em ótimas cenas durante o trajeto.
O diretor não
se preocupa em julgar os personagens e os seus atos, e talvez por isso
mesmo eu devo dizer aqui que Felix e Alma são, literalmente,
insuportáveis. O reencontro dos dois não sai como o previsto, e não
demora para entendermos o porquê. Felix é ciumento, possessivo e tem
atitudes machistas, enquanto ela reclama de tudo e parece estar sempre
desconfortável. Sabendo dessa antipatia que o público criaria com o
casal de protagonistas, o diretor opta por mudar o foco da metade para o
final e se concentra mais em Chérif, que sem esperar nada da viagem
acaba conhecendo por acaso uma garota simpática chamada Helena (Ana
Blagojevic).
O roteiro não tem nada de extraordinário e deixa inclusive muitas coisas no ar, mas ainda assim gostei do que vi, pois é um filme que não tenta ser maior do que é e apresenta os personagens e suas interações da forma mais simples e natural possível. Uma cena específica em um karaokê, envolvendo Chérif e Helena, me conquistou bastante, e se tornou uma das mais bonitas que vi até então no ano. Visto no My French Film Festival, Embarque é um filme leve e divertido, mas que não deixa de trazer reflexões sobre a vida, sobre amor e sobretudo amizade.
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