Em 28 de abril de 1996, a Austrália amanheceu chocada com
as notícias do acontecimento que ficou conhecido como Massacre de Port
Arthur, onde 35 pessoas foram mortas a tiros por um homem em um ponto
turístico da região da Tasmânia. Mas o que leva alguém a cometer um ato
tão violento desses e com pessoas inocentes? É partindo dessa premissa
que o diretor Justin Kurzel nos apresenta Nitram, filme que traz um
pouco da história do autor deste massacre, que desde sempre teve nítidos
problemas comportamentais mas que nunca recebeu o devido tratamento e a
devida atenção.
Chamado de Nitram, apelido jocoso que recebeu
ainda na escola como forma de bullying, o rapaz é extremamente
inconsequente, e isso vem desde criança quando por brincadeira colocou
fogo na sua escola. Durante todo o tempo de duração do filme, tive a
sensação estranha de não saber o que ele faria a seguir, pois se trata
de um personagem impulsivo e capaz de qualquer coisa. Isso também é
sentido pelos seus pais, que não sabem o que fazer com ele, e ao invés
de buscar ajuda optam pelo mais fácil que é simplesmente deixar ele
fazer o que quiser. Essa liberdade acaba sendo muito mais nociva para
ele do que se ele recebesse limites e castigos, e isso fica
cada vez mais evidente ao longo da trama.
Certo dia Nitram
conhece Carleen (Judy Davis), uma mulher mais velha, que é viúva e muito
rica, que praticamente o adota como o filho que ela não teve.
Carleen passa a mimá-lo, como forma de compensar o que ele não teve dos
pais, dando presentes e até mesmo um carro para ele. A princípio é uma
relação estranha e até difícil de engolir, mas entendi que por ser uma
mulher solitária na finitude da vida, ela aceitou Nitram em troca de ter
uma companhia.
A construção da personalidade do protagonista é muito boa, e isso se deve demais a atuação de Caleb Landry Jones, uma das melhores que vi nos últimos anos. É realmente impressionante o trabalho do ator, e foi muito merecido seu prêmio de melhor atuação em Cannes. Por fim, o filme ainda traz uma boa discussão sobre a liberação de armas de fogo para civis, já que o caso real ajudou inclusive a mudar as leis de armamento no país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário