Vencedor
da Palma de Ouro no último Festival de Cannes, Titane é um filme
difícil de digerir, e confesso que terminei de assisti-lo com
sentimentos controversos. Ao mesmo tempo que gostei da fotografia e da
originalidade do roteiro, certas coisas me distanciaram um pouco da
experiência como um todo, e explicarei mais a seguir.
A trama
acompanha Alexia (Agathe Rouselle), que ainda criança sofreu um acidente
de carro e precisou colocar uma placa de titânio na cabeça, que ficará
para sempre junto dela. Após uma cena inicial marcante, o filme dá um
pulo temporal e passa a mostrar Alexia já adulta, ganhando a vida como
dançarina em exposições de veículos. Aliás, a relação da personagem com
carros é algo muito simbólico, e ela tem uma maneira peculiar de lidar
com esse trauma que o acidente na infância deixou.
Após cometer
alguns crimes e ter medo de ser pega, Alexia decide se passar pelo filho
do bombeiro Vincent (Vincent Lindon), que está desaparecido há anos.
Ela muda todo o visual (de uma maneira bem incômoda para o espectador)
para ter a aparência que o garoto teria nos dias de hoje, de acordo com o
retrato falado anunciado, e Vincent a aceita como sendo seu filho,
mesmo ficando evidente que ele sabe a verdade. Temos, na verdade, dois
personagens que se reconhecem nessa questão de trauma e de solidão, e
por isso mesmo talvez ele acaba aceitando esse "filho" de volta ao lar
sem pensar duas vezes.
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