Quase
dois anos após o término das filmagens, finalmente chegou aos cinemas
brasileiros o novo filme dirigido por Woody Allen, O Festival do Amor
(Rifkin's Festival). A trama se passa em San Sebastian, durante o
famoso festival de cinema que ocorre na cidade espanhola anualmente, e
acompanha o casal Mort (Wallace Shawn) e Sue (Gina Gershon). Mort é um
ex-professor de cinema, que agora está tentando aproveitar a
aposentadoria para escrever seu primeiro romance. Sue, por sua vez,
trabalha na empresa de publicidade que está fazendo a promoção de um dos
filmes mais badalados do festival, dirigido pelo promissor Phillipe
(Louis Garrel).
É notório, desde o início, que o relacionamento
de Mort e Sue não anda bem, e durante a viagem eles acabam se
distanciando ainda mais. Nesse período, Mort se apaixona pela médica que
o atende quando sente dores no peito, enquanto Sue acaba se aproximando
bastante do jovem Phillipe. O filme traz uma boa reflexão sobre
relacionamentos que não fazem mais sentido mas que continuam apenas por
comodismo, costume, ou medo de mudança de ambas as partes. A visão sobre a
chegada da terceira idade, os questionamentos a respeito das
realizações que teve e o que ainda resta viver pela frente também tem um
espaço importante no roteiro.
Ao refletir sobre sua vida e seu
passado, Mort começa a ter vários sonhos e alucinações que remetem a
filmes clássicos do cinema dirigidos por Orson Welles, Fellini,
Truffaut, Godard, Bergman, Bunuel, entre outros. Quem já viu todos os
filmes citados, certamente vai ter uma experiência interessantíssima, e
eu diria que é a melhor parte do longa. Ao mesmo tempo que homenageia o
cinema, Woody Allen também aproveita para alfinetar a indústria
cinematográfica atual, com suas hipocrisias. Um momento que considero
crucial dessa crítica é quando o diretor Phillipe fala,
pretensiosamente, que seu novo filme será tão poderoso que pode até
levar ao fim o conflito de séculos que existe entre judeus e árabes em
Israel.
Por fim, fiquei realmente surpreendido com O Festival do Amor, já que as últimas obras do Woody Allen me deixaram com a expectativa bem baixa. Aliás, já considero este seu melhor filme desde Blue Jasmine (2013). Uma história que vai agradar, sobretudo, quem verdadeiramente ama o cinema.
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