sábado, 7 de janeiro de 2023

Crítica: Close (2022)


Vencedor do Grande Prêmio do Júri em Cannes e escolhido para representar a Bélgica no Oscar de melhor filme internacional em 2023, Close é um filme muito delicado sobre afeto e amadurecimento, mas que infelizmente perde muito no desenvolvimento fraco dos seus personagens.
 

O filme acompanha Leo (Eden Dambrine) e Rémi (Gustav de Waele), dois amigos inseparáveis que estão na altura dos 13 anos de idade. Eles fazem praticamente tudo juntos, desde brincar até dormir na mesma cama, e isso acaba despertando bullying por parte dos colegas na volta às aulas, que passam a chamá-los de "maricas" e rir da relação dos dois. Incomodado com essas provocações, Leo acaba se distanciando do amigo, até que uma tragédia interrompe de vez a amizade.

O roteiro põe o dedo na ferida da masculinidade tóxica, que desde cedo é incentivada pela sociedade. Enquanto meninas crescem dormindo juntas, e até mesmo tomando banho juntas, qualquer tipo de afeto entre dois garotos é visto com "maus olhos". Na tentativa de mostrar que é "homem", mesmo sem entender muito bem o que significa isso, Leo acaba se fechando em seu mundo, perdendo a inocência dos seus sentimentos e assumindo uma personalidade que não é a sua.
 

O ritmo é extremamente lento, uma característica do diretor que já havia sido marcante em Girl (2019), e isso por si só não seria defeito algum. O problema é que o roteiro acaba desenvolvendo muito mal seus personagens, principalmente Rémi e sua mãe. Não consegui criar nenhum tipo de vínculo com eles, e muito menos comprar a justificativa do ato trágico que ocorre no meio do filme. Meu único destaque é para Eden Dambrine, que apenas com o olhar consegue passar todo o sentimento de culpa e de confusão de um garoto que está sendo obrigado a crescer antes do tempo.
 

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