quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Crítica: Marcel the Shell With Shoes On


Há alguns anos atrás, uma série de curtas feitos em stop-motion conquistou a crítica em festivais mundo à fora e acabou se tornando viral no YouTube. Os curtas apresentavam Marcel, uma simpática concha de uma polegada que tem um olho e usa sapatos, e que é entrevistada por um documentarista que pretende saber mais sobre sua vida, suas esperanças, seus sonhos e suas decepções. Em 2022, Marcel The Shell With Shoes On finalmente ganhou uma versão em longa-metragem, e o resultado é simplesmente sublime.


Dirigido por Dean Fleischer-Camp, o "mockumentary" segue o mesmo formato dos curtas originais e mostra o dia a dia de Marcel, que é dublado por Jenny State, co-criadora do personagem junto com Camp. Quem filma e acompanha o cotidiano dele é o próprio Dean, que o conhece após alugar o Airbnb onde Marcel vive há anos com a avó Connie. Antigamente haviam mais deles no local, mas todos sumiram misteriosamente após o casal que morava na casa ir embora, e a grande esperança de Marcel é um dia reencontrá-los.

Marcel é um personagem adorável, e é natural que a gente sinta uma empatia logo de cara. Há também a curiosidade em sabermos como ele age em situações do cotidiano, o que ele faz durante o dia, o que come, coisas desse tipo, e é tudo muito bem trabalhado pelo roteiro, que também tem ótimas tiradas de humor, sobretudo pela personalidade da pequena concha. Quando as filmagens que Dean está fazendo de Marcel viram uma febre no YouTube, Marcel se transforma em uma celebridade, mesmo não lidando bem com isso. Ainda assim, ele aceita ser entrevistado por um famoso programa de televisão, vendo isso como uma grande oportunidade para tentar finalmente reencontrar os familiares.


Quem diria que acompanhar o dia a dia de uma concha falante seria uma das coisas mais adoráveis que o cinema já foi capaz de produzir? É incrível o poder que este filme tem de fazer rir e ao mesmo tempo emocionar com situações tão simples, e relação de Marcel com sua avó, por exemplo, é uma das coisas mais sensíveis que já assisti. Despretensiosamente, é um filme que fala sobre pertencimento, aceitação e sobretudo laços, e entrou fácil para a minha lista de filmes favoritos da vida.


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